Mais de dez milhões de sírios necessitam de ajuda humanitária

Rémy Pigaglio

Num relatório entregue ao Conselho de Segurança da ONU no dia 20 de junho, o secretário geral, Banki-moon revela sua grande preocupação pela situação humanitária em que vivem os refugiados e deslocados sírios.
Os membros do Conselho de Segurança estão buscando uma nova decisão para que o governo de Damasco autorize a entrada das doações e com novas facilitações.

Diariamente aumenta o número de sírios que necessitam de ajuda para sobreviver. Segundo a avaliação do secretário geral do ONU a cifra já atingiu os dez milhões de pessoas. O relatório se refere ao período de 20 de maio a 20 de junho e constata que o número de mortes desde o início do conflito em 2011 já alcançou a cifra de 162 mil.

A cifra de 3.500 pessoas refugiadas, em lugares de difícil acesso para levar a ajuda humanitária, revela também um grande crescimento em relação ao ano passado. Atualmente são 4.700 refugiados que vivem em lugares de difícil acesso por razões de segurança e de falta de ajuda dos países vizinhos. Verdadeiramente as pessoas que vivem em maior situação de risco são aqueles que permanecem no país, 241.000, das quais 196 mil sediadas em territórios controlados pelo governo e 45 mil vivendo nas zonas ocupadas pelos rebeldes. São três mil os caminhões da ONU que diariamente circulam pelo país para poder fazer chegar o alimento, mesmo às regiões mais difíceis, com a ajuda de 22 organizações que trabalham em parceria.

Durante o mês de junho, a ajuda da ONU conseguiu chegar apenas até Yarmouk, um campo palestiniano e a Douma. Na realidade os deslocados são mais de 6 milhões de cidadãos.

As dificuldades são colocadas pelo próprio governo

O Conselho de Segurança conseguiu em fevereiro passado um acordo entre as partes beligerantes para facilitar o acesso de ajuda em qualquer lugar, seguindo a resolução 2139, mas na prática não se consegue realizar esse objetivo. Novas obstruções para impedir a chegada de alimentos foram colocadas pelo próprio governo, observa Banki-moon no relatório.

No dia 16 de junho o secretário geral adjunto da ONU informou que estava cada vez mais difícil fazer chegar ajuda aos acampamentos, apesar das negociações com as províncias que dizem não poder liberar a chegada sem autorização do governo central.

Banki-moon faz uma demanda urgente ao conselho de segurança para poder fazer chegar os alimentos e os remédios às pessoas em grande situação de risco. E propõe que o Conselho discuta a questão e decida como exigir ao governo de Damasco a liberação da entrada de mantimentos. E a mesma coisa seja exigida às autoridades dos oposicionistas para que não seja necessário usar a força.

Está em discussão uma nova resolução de ajuda humanitária.

Para as autoridades russas, uma tal resolução não deve ser votada sem o consenso de Damasco. O delegado da Rússia na ONU propõe uma resolução que seja mais respeitosa, tendo em conta que a Síria estaria disposta a abrir as fronteiras em 4 localidades. Para o Delegado da Austrália, Gary Quinan, a proposta de Moscovo não vem resolver o problema, pelo contrário, vem adiar a solução deixando no terreno mais vítimas.

Na verdade o artigo 7 do acordo dos membros da ONU do qual fazem parte países árabes, a ajuda humanitária prevê o acordo explícito do país para o qual a ajuda é encaminhada, afirma a missão da ONU para a Síria.
Segundo as autoridades do Estado, a entrega gratuita de socorro aos cidadãos corresponde a dar ajuda aos terroristas. O regime qualifica de terroristas todos os seus opositores armados.

Uma conselheira de Bachar Al Assad foi convidada a se deslocar a Oslo.

Enfim, pela primeira vez, depois de três anos de guerra, um personagem responsável pelo regime sírio, viajou para a Europa, à margem das negociações com a oposição. Boussaïna Chaabane, conselheira de presidente Bachar Al Assad, participou no "Forum de Oslo" nos dias 18 e 19 de junho a convite do ministério dos negócios estrangeiros da Noruega. Ela se encontrou com o ministro dos negócios estrangeiros, Borge Brende, com o antigo presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, com o secretário geral adjunto do UNU para as relações políticas, Jeffrey Feltman, e com o chefe do gabinete do presidente do Irã.

O Forum d'Oslo foi organizado como um espaço de diálogo em torno das ajudas humanitárias a serem oferecidas para os povos que se encontram em regiões de conflito. Boussaina Chaabane faz parte da lista negra das personalidades sírias que são impedidas de entrar na Europa. Segundo o cotidiano sírio que apoia o governo, Al Watan, ela apresentou a visão do governo sobre o terrorismo que esfacela a região e as propostas de solução para o problema.

Fonte: Jornal La Croix

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