Sinodalidade no Congresso Missionário

No terceiro dia do Congresso Missionário Nacional, dom Sérgio da Rocha falou sobre a sinodalidade.

Por Robério Crisóstomo da Silva*

O terceiro dia do Congresso Missionário Nacional, sábado, 9 de setembro, iniciou-se com uma oração preparada pela Prelazia da Amazônia, buscando focar uma experiência espiritual, desde os contextos da vida doada para a missão. Em um clima de participação e muita vontade, os delegados do Congresso rezaram com a cabeça, boca e o coração.

Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, falou sobre a sinodalidade:
- sinodalidade e colegialidade são dois temas que se entrelaçam. A colegialidade é uma relação dos bispos para com o papa. A sinodalidade vai além da colegialidade.
- é por causa deste grupo de fiéis que se pode falar de sinodalidade, o papa se refere várias vezes ao termo Sínodo, que significa caminhar juntos. A sinodalidade expressa participação e comunhão em vista da missão. A sinodalidade pertence à natureza da Igreja. Não dá para a Igreja ser Igreja fora deste contexto.

domsergiocongressoNão se nega que quando falamos de sinodalidade estamos falando da questão prática da Igreja em um contexto eclesiológico. Queremos trazer a Igreja como povo de Deus. A Lumen Gentium, fala do Reino antes de qualquer diferenciação entre todos. Neste sentido trata-se de uma Igreja servidora ministerial, uma Igreja em que deve prevalecer o serviço. O próprio papa se apresenta como sucessor, ou seja, bispo de Roma a serviço do povo de Deus, na caridade e comunhão fraterna. A sinodalidade expressa a comunhão de caminhar juntos no dinamismo da Trindade. Não pode haver a sinodalidade sem a escuta, uma Igreja sinodal é uma igreja de escuta, é um exercício onde cada um tem que aprender, cada um na escuta dos outros e todos na escuta do Espírito Santo.

O que isso tem a ver conosco? É preciso ter presente a questão comunitária da missão, estamos falando de caminhar juntos, valorizando a dimensão comunitária da dimensão missionária. A missão não é propriedade particular, não é restrita a um grupo, mas é espaço privilegiado de participação e comunhão.

Uma Igreja sinodal valoriza as funções de todos, uma centralização exagerada dificulta a dinamismo da missão. Nós queremos valorizar os conselhos missionários da Igreja. Todos devem ser estímulos para que a Igreja possa ser toda missionária, tudo isto é para que nada fique fora do contexto eclesial, sem postura de monopólio, seria inapropriado pensar em um esquema de evangelização e o povo de fora da Igreja, cada um deve assumir seu papel dentro de um contexto dinâmico.

É preciso valorizar diversos espaços de comunhão dentro da Igreja. Na Igreja há instrumento para caminhar juntos, a sinodalidade ultrapassa muito que se pode fazer além da Igreja local. Nós precisamos incluir aqui um âmbito nacional, nem estadual, mas em toda a sua totalidade, é preciso alargar o horizonte da missão além de cada um de nós. Nós somos uma pluralidade de diversos. É nesse caminho que nos enriquecemos. É preciso repensar o exercício da autoridade na Igreja. Esta autoridade deve ser serviço, comunhão de participação. Se não houver a sinodalidade, não haverá inserção e inclusão de todos neste caminho de crescimento e amadurecimento no campo da missão.

*Robério Crisóstomo da Silva, imc, é coordenador da Animação Missionária Vocacional dos missionários da Consolata. Participou do 4o. Congresso Missionário Nacional, em Recife (PE).

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