Reaproximação entre EUA e Cuba é vitória da cultura do encontro

Fidel Castro entrega livro de Frei Betto ao Papa Francisco.

Por Adital

Em Cuba, na ilha socialista o Papa Francisco destacou, com entusiasmo, o restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos, oficializada em dezembro de 2014, e a vocação do país caribenho para o diálogo entre povos e culturas do mundo inteiro. Logo em seu primeiro discurso, dia 19 de setembro, na capital, Hava2015_09_legenda1_papa_radiocaticanana, o Sumo Pontífice disse que o momento representa uma vitória da cultura do encontro e animou as autoridades políticas a continuarem avançando nesse sentido e a desenvolverem todas as suas potencialidades, como prova de seu serviço pelo bem-estar dos povos cubano e estadunidense, de toda a América e do mundo.

"Há vários meses, estamos sendo testemunhas de um acontecimento que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre dois povos, depois de anos de distanciamento. É um sinal da vitória da cultura do encontro, do diálogo, do ‘sistema de crescimento universal sobre o sistema, morto para sempre, da dinastia e de grupos'", afirmou, citando o independentista José Martí. "O mundo necessita de reconciliação, nesta atmosfera de terceira guerra mundial por etapas, que estamos vivendo", acrescentou.

A missa papal, celebrada na emblemática Praça da Revolução, cenário de grandes manifestações e ao lado da famosa imagem do líder revolucionário Ernesto Che Guevara, reuniu um público de 200 mil pessoas. Na celebração, o Papa enfatizou que Jesus Cristo planta a lógica do amor e dedicou sua homília a serviço dos mais frágeis. "Longe de todo tipo de elitismo, o horizonte de Jesus não é para poucos privilegiados, capazes de chegar ao 'conhecimento desejado' ou a distintos níveis de espiritualidade. O horizonte de Jesus é uma oferta para a vida cotidiana também aqui, em ‘nossa ilha'. (...) É um povo que tem feridas, como todo povo, mas que sabe estar com os braços abertos, que caminha com esperança, porque sua vocação é de grandeza", afirmou.

Francisco também exaltou a importância de Cuba no diálogo internacional. "Geograficamente, Cuba é um arquipélago que olha em direção a todos os caminhos, com um valor extraordinário como ‘chave' entre o norte e o sul, entre o leste e o oeste. Sua vocação natural é ser ponto de encontro, para que todos os povos se reúnam em amizade, como sonhou José Martí", disse.

Mensagem à Colômbia

O Vaticano não incluiu na programação da visita um encontro com as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), cuja mesa de negociação do processo de paz com o Estado colombiano está instalada em Havana, há cinco anos. No entanto, o Papa Francisco não deixou de mencionar seu desejo de resolução para o conflito armado, que se estende no país sul-americano há mais de cinco décadas. "Neste momento, me sinto no dever de dirigir meu pensamento à querida terra da Colômbia, consciente da importância crucial do momento presente, em que, com esforço renovado e movidos pela esperança, seus filhos estão buscando construir uma sociedade em paz", disse o pontífice.

"Que o sangue derramado por milhares de inocentes, durante tantas décadas de conflito armado, unido àquele do Senhor Jesus Cristo na cruz, sustente todos os esforços que estão sendo feitos, inclusive, aqui, nesta bela ilha, para uma definitiva reconciliação. (...) Por favor, não temos o direito de nos permitir outro fracasso neste caminho de paz e reconciliação. Graças a você, senhor presidente, por tudo o que faz", disse Francisco, dirigindo-se ao presidente cubano, Raúl Castro.

Fidel presenteia o Papa com livro de Frei Betto

Quebrando o protocolo da programação, o Papa Francisco esteve, no último dia 19 de setembro, também com o ex-presidente de Cuba Fidel Castro. Ao finalizar a missa na Praça da Revolução, um dos locais mais simbólicos da ideologia do Estado cubano, Francisco se encontrou com o líder revolucionário por cerca de 40 minutos. Na ocasião, o Papa presenteou Fidel com livros do sacerdote italiano Alessandro Pronzato, livros e CDs do sacerdote jesuíta Armando Llorene, além de seus próprios textos, a exortação apostólica "Evangelii Gaudium" e a encíclica ecológica "Laudato Si'". O cubano deu ao Papa o livro do brasileiro Frei Betto, "Fidel e a religião". Segundo o Vaticano, foi um momento ameno, com a presença de vários membros da família de Fidel.

Fonte: www.adital.com.br

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