Massacre dos catequistas Mártires de Guiúa completa 25 anos

23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, a maior parte oriundos das Missões da Consolata em Inhambane foram mortos no dia 22 de março de 1992.

Por Diamantino Antunes

Hoje faz precisamente 25 anos que se verificou o massacre dos catequistas Mártires de Guiúa, cujo processo canônico de Beatificação e Canonização terá início neste sábado (25 de março) no Centro do Guiúa.

Guiúa - março 2012_5 034Os catequistas Mártires do Guiúa são 23 moçambicanos, homens, mulheres e crianças, a maior parte oriundos das Missões da Consolata de Inhambane, que foram mortos quando se encontravam no Centro Catequético do Guiúa para participarem num curso de formação de longa duração para famílias de catequistas.

Foi no dia 22 de março de 1992 que foram mortos. Decorriam os últimos meses de uma guerra fratricida que devastava Moçambique. Esboçavam-se os primeiros sinais da vontade de reconciliação nacional.

O país tentava emergir de um longo período de conflito, de trevas e provações. Confiante de que as conversações em curso em Roma para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane, com todo o apoio dos Missionários da Consolata, decidiu reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas.

Três dezenas de pessoas escolhidas em diferentes Missões, entre elas Vilankulo, Mapinhane, Massinga, Funhalouro e Guiúa, acabavam de chegar, quando na madrugada de 22 de março de 1992 um grupo de homens armados atacou o Centro Catequético e raptou a maior parte das famílias. Em marcha, carregando os bens saqueados pelos atacantes, foram conduzidos à força para a base de onde vinham os invasores. Pelo caminho, um grupo de 23 catequistas e familiares foram brutalmente chacinados à baioneta. Testemunharam a sua fé com o sangue. Os seus corpos foram transportados e sepultados no Centro Catequético, no local onde está atualmente o Santuário diocesano de Inhambane.

A missão dos catequistas mártires do Guiúa, abruptamente interrompida em 22 de março de 1992, continua viva. A sua memória e o seu exemplo ecoam ainda e sempre no silêncio da brisa eterna da colina do Guiúa.

A morte destes homens e mulheres dá-se no preciso dia em que iniciavam um caminho de fé comprometida. É assim que serão lembrados para sempre.

O cemitério onde estão sepultados é um lugar de romaria de centenas de cristãos ao longo do ano.

Os católicos têm grande veneração por estes seus irmãos e os consideram “mártires”. Ainda não são reconhecidos pela Igreja como santos nem como beatos. A Diocese de Inhambane está se organizando para alcançar este objetivo, iniciando no próximo dia 25 de março o processo canônico para o reconhecimento do seu martírio e santidade por parte da Santa Sé. Agradecemos a Deus o dom do testemunho cristão destes nossos irmãos mártires e que eles continuem a inspirar o caminho de fé da nossa Igreja em Moçambique.

Diamantino Antunes, imc, é Superior Regional dos Missionários da Consolata em Moçambique.

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