Mato Grosso do Sul avalia caminhada de CEBs

Cecília de Paiva

"Reforçar a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no Regional Oeste 1" foi o objetivo que motivou encontro realizado em Campo Grande (MS), de 30 de maio a 1º de junho. Reuniram-se 90 representantes de CEBs, das dioceses de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Jardim e Três Lagoas para avaliar e definir propostas a partir dos compromissos assumidos por ocasião do 13º Intereclesial de CEBs, realizado em janeiro de 2014, em Juazeiro do Norte, Ceará.

As reflexões foram conduzidas pelo padre Manoel Godoy, mestre em teologia pastoral e assessor da Ampliada Nacional das CEBs, o qual fez uma análise eclesial com abordagem sobre a crise institucional da Igreja no mundo. "Fiz uma análise de conjuntura sócio eclesial, com destaque para a situação das CEBs no contexto atual da Igreja. As CEBs missionárias, proféticas, comprometidas com o mundo e a Igreja. CEBs apontam que outro mundo e outra Igreja é possível", acredita o assessor. Ao ser questionado acerca de um projeto conhecido por setorização das paróquias, padre Godoy disse haver uma confusão com o sentido de CEBs. Segundo ele, "setorização privilegia o território e hoje, a sociedade, a grande cidade, não caminha como paróquia territorial. É muito mais paróquia afetiva. Precisa-se trabalhar a questão da pertença, muito mais que território", aconselhou o padre.

Para o coordenador de CEBs no Regional Oeste 1, Cornélio Espinosa, o encontro reforçou mais ainda a visão de Igreja profética, que luta contra tudo o que se opõe ao projeto de Deus. "É uma bênção o que se ouviu do padre Manoel Godoy. Precisamos ouvir, sempre que possível, reflexões que deem maior consciência do cristão como agente de transformação", opinou Cornélio.

Em Mato Grosso do Sul, lideranças indígenas são presenças participativas em todos os encontros de CEBS. Do povo Guarani Kaiowá, Anastácio Peralta comunicou sua pré-candidatura a deputado nas próximas eleições. Morador da Aldeia Panambizinho, em Dourados, Anastácio disse que em 17 municípios da região conhecida como Conesul vivem 45 mil indígenas: "Precisamos defender o direito indígena, o que ele ganhou na Constituição Federal de 1988 e está perdendo ou nunca teve", enfatizou o representante da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI).

Elias Ishy, da diocese de Dourados, também partilha a luta política. Engajado como vereador desde 2001, está sendo cotado à disputa estadual. De acordo com Elias, a disputa política é muito desigual para quem tem um projeto diferente. "Eu não tenho dinheiro para fazer frente a esse povo que usa todo tipo de divulgação. Eu lido, no máximo com papel jornal. Muitos companheiros querem até que eu perca porque eu não entro nos esquemas deles. Se eu sair candidato, é para fazer denúncias como as que já faço. A Justiça é parcial e vemos muito, na prática, o que resume a frase: Para os amigos, os benefícios da lei. Para os inimigos, os rigores da lei", citou Elias emocionado com o apoio dos muitos presentes. Disse sair fortalecido a cada encontro como esse, rumo à realização dos compromissos: "Muitos de nós participamos da "vida real", do sofrimento, das injustiças e encontros assim dá disposição, alimenta e reanima. A gente se sente mais preparado, mais seguro no que dizer e fazer diante das barreiras, ao lidar com quem tem medo de mexer com as estruturas", avaliou Ishy.

Na bênção de envio feita pelos padres Adriano Van de Ven e Manoel Godoy, todos repetiram bem forte as frases "alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração", versículo de São Paulo que, conforme padre Manoel "resume bastante o que devemos fazer na caminhada", finalizou, unindo-se ao canto alegre das romarias, entoado pelos músicos e delegações presentes.

* Comunicação Comire Oeste 1.

Fonte: Comire Oeste 1

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