Enawenê-Nawê são atacados por seguranças de empresa em Mato Grosso

Indígenas sofreram ataques por seguranças de uma empresa que controla Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) instaladas no Rio Juruena.

Por Redação

Indígenas do povo Enawenê-Nawê sofreram ataques por seguranças de uma empresa que controla Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) instaladas no Rio Juruena, na região de Sapezal, Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio, em Mato Grosso. Os incidentes ocorreram durante protestos para ajustar um acordo feito em 2012. Pelo menos dez indígenas ficaram feridos por tiros de balas de borracha, além de terem seus pertences queimados.

Integrantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Mato Grosso relataram que cerca de 400 pessoas, incluindo mulheres e crianças, participaram do ato de protesto. Além dos disparos de balas de borracha, os indígenas tiveram seus pertences destruídos, como mochilas, documentos, redes e cobertores. Os indígenas buscam revisar o acordo firmado em 2012 devido aos impactos negativos das usinas hidrelétricas em seu território, especialmente no fornecimento de peixes para seus rituais.

A liderança do povo Enawenê-Nawê explicou o processo de negociação com a empresa, que até o momento não atendeu às demandas da comunidade. Os indígenas solicitaram um aumento na compensação permanente recebida para a compra de peixes utilizados em seus rituais, mas a empresa não aceitou a proposta. Os Enawenê-Nawê realizam rituais ao longo do ano como forma de manter harmonia com os espíritos, e o peixe desempenha um papel fundamental nessas cerimônias.

O Cimi Regional Mato Grosso emitiu uma nota de repúdio aos ataques sofridos pelos indígenas, pedindo que as autoridades tomem as medidas adequadas para garantir a segurança das manifestações e que a empresa responsável pelas PCHs seja responsabilizada legalmente pelos atos de violência.

NOTA DE REPÚDIO

O Conselho Indigenista Missionário repudia veementemente os ataques ocorridos no último domingo (25) e segunda-feira (26) contra os indígenas do povo Enawenê-Nawê. O ataque foi uma ação dos funcionários da empresa que controla as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Rio Juruena, na região de Sapezal, Rondon, Parecis, Telegráfica e Campos de Júlio, no estado de Mato Grosso, e que impactam diretamente a sobrevivência pesqueira desta comunidade.

Pacificamente, os indígenas protestavam para que seja revisto o acordo entre as partes em relação ao termo de compensação dos impactos sofridos. O acordo foi celebrado em 2012 e já não atendem a demanda do povo que, numericamente, está maior e que, espacialmente, vem sendo ilhado pelo modelo de desenvolvimento de exploração insustentável do Estado.

Perante essa situação, é necessário que as autoridades tomem as devidas providências para garantir que as manifestações possam ocorrer sem violência, levando em consideração os pedidos desse povo. E que a empresa que controla as PCHs seja enquadrada no rigor da lei após essa ação.

O Conselho Indigenista Missionário Regional Mato Grosso se solidariza com o povo Enawenê-Nawe. Os Enawenê-Nawe são originários desta região e devem ser respeitados. A causa indígena é de todos nós!

Fonte: REPAM

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