Jovens latino-americanos da Economia de Francisco recebidos pela CAL

Encontro reuniu de 22 a 24 de setembro em Assis, Itália, mais de mil jovens, entre eles um grande grupo de latino-americanos e caribenhos.

Por jornal O São Paulo 

Na América Latina, segundo Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL),  os jovens da Economia de Francisco que se organizaram em nível comunitário foram os da Argentina, Chile e Brasil, que acrescentaram o nome de Clara ao de Francisco, a fim de incluir as periferias geográficas e existenciais. O convite da CAL aos jovens para este momento de encontro, do qual participaram mais de 40 jovens, vestidos com as bandeiras de seus países e movimentos populares, com seus distintivos, também os representantes dos povos originários,  em sua própria natureza, para ser “um elo de comunicação entre o papa Francisco, na medida em que a CAL faz parte da Cúria Romana, e as igrejas particulares do continente latino-americano”.

A secretária da CAL viu nestes jovens a Igreja latino-americana, querendo que eles se conhecessem e fossem a Assis “pensando na possibilidade de poder atuar nas diferentes aldeias, não como indivíduos, não como países isolados, mas como a cultura latino-americana, em termos desta Pátria Grande, que é o que deveria resultar de um novo processo criativo da economia”.

De fato, Cuda enfatizou que “eles falaram em nível comunitário, não em nível individual”, citando entre os temas mais comuns que eles não queriam ser vistos como uma ONG, que “da Economia de Francisco, não devem surgir projetos individuais isolados de assistência, eles querem um Estado presente, eles querem políticas públicas que garantam uma nova economia institucionalizada”. Segundo a secretária da CAL, os jovens “falaram de uma economia poliédrica, uma economia regional, latino-americana, capaz de incluir os diversos setores econômicos”, inclusive os que surgiram na periferia.

Os jovens pediram que as universidades mudem a maneira de ensinar economia, não a partir do contexto dos países desenvolvidos, mas uma economia que leve em conta a riqueza natural do continente. Uma economia que muda a maneira como os investimentos são feitos e a logística de consumo, aonde os produtos que vêm da economia popular e que hoje não atingem os pontos de distribuição estão presentes.

Um elemento que surgiu foi a confiança para o surgimento de uma nova economia, confiança entre trabalhadores e empresários, entre centro e periferia, entre mercado e modos de produção mais artesanais, confiança nos políticos, confiança nos empresários. Uma nova economia que é prejudicada por questões políticas, apelando para uma nova sociedade como uma comunidade organizada com base nas diferenças. Junto com isto, os jovens falaram de profecia, que anuncia e denuncia, para que, se apenas uma nova economia fosse anunciada, sem denunciar as causas que nos levaram a esta situação, o processo de transição justa não poderia começar.

Um dos participantes do encontro com a CAL foi Nicolás del Mastro, que destacou o trabalho realizado nos últimos dois anos “de baixo para cima e da periferia para o centro, para dar uma nova economia, para dar uma alma, um rosto humano a um sistema econômico que já não dá mais”. O membro da Fundação Alameda diz que viu o encontro como “algo impensável, nunca havíamos conseguido atingir este nível de escuta, diálogo e reunião, onde pudemos trabalhar para compartilhar as opiniões de todo este processo que foi construído”.

O jovem argentino destacou a perspectiva e o compromisso de aprofundar a mensagem que o papa desenvolveu em Laudato Si. Ele também destacou as mudanças que devem ser realizadas em diferentes setores, recontando o trabalho da fundação à qual ele pertence no campo do tráfico humano há 20 anos, combatendo “um paradigma tecnocrático que o que ele faz é maximizar o lucro do corpo das pessoas”. Del Mastro denunciou “os sistemas mafiosos que aproveitam os setores vulneráveis de nossas comunidades, gerando este contexto econômico de pobreza, fome, exploração e desigualdade que é tão característico da América Latina”.

Um momento “para falar, tentar convergir em pontos de vista, gerar um pacto e estruturar um trabalho comum”. Um encontro com a CAL que “abriu a perspectiva de trabalhar na base”, enfatizou Nicolás del Mastro, para quem é uma novidade que o mesmo papa que falou nos fóruns mais poderosos do mundo se encontrou com jovens que de diferentes áreas da economia trabalham em busca de alternativas a um paradigma tecnocrático que elimina empregos, que se aproveita de corpos violados e que o que faz é usar a pessoa como um meio, como uma mercadoria.

Um encontro que serviu para apresentar o livreto “A Economia de Francisco e Clara, denunciando a violência financeira e anunciando economias para o Bem Viver dos povos”.

Fonte: Vatican News

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