Aos 80 anos, bispo pernambucano de "malas prontas" para servir à ?frica

Por Roseli Lara

Abertos à missão continental, 19 missionárias e três missionários que encerraram neste dia 27, curso ad gentes no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília, seguem viagem para servir em cinco países da África, Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti e Israel.

Para alguns destes religiosos, a missão começa logo, como no caso das missionárias enviadas ao Haiti. Outros estão preparados para ir além-fronteiras a partir do próximo ano. Algumas características são comuns neste grupo, que passou por formação durante o mês de agosto, no CCM. Alegria, despojamento e a convicção do sentido missionário que marca esta etapa de suas vidas.

Na convivência de 25 dias, um testemunho missionário ficou bem evidente para os demais: dom Paulo Cardoso, 80 anos, bispo emérito de Petrolina (Pernambuco), de "malas prontas" para a partir de janeiro, assumir o Zimbabué e Moçambique, na África, como sua nova casa.

Da ordem carmelita, com uma boa dose de caminhada de presbítero e bispo, dom Paulo encarou com naturalidade quase um mês de formação. O agreste, onde nasceu, no sertão de Caruaru, talvez seja o responsável pelo modo generoso e acolhedor, próprio do povo nordestino. As palavras profundas e a convicção, são da espiritualidade carmelita.

Servir e aprender foram as palavras mais pronunciadas pelo bispo emérito durante entrevista para as Pontifícias Obras Missionárias (POM).

Dom Paulo, interessante essa sua disposição em seguir para a África. O senhor permaneceu aqui em Brasília, no CCM, por um mês, fazendo essa formação além-fronteiras. O que lhe motivou?
Primeiro a própria missão ad gentes como tal, porque na minha diocese, há missão, mas na característica de missões populares e pastoral dos santuários. Desde que ingressei na Ordem Carmelita tive essa preferência pela missão além-fronteiras. Fiquei 27 anos na diocese de Petrolina e alimentava esse sonho no coração. Já fui em outras duas ocasiões para Moçambique e agora é claro, como terminei meu pastoreio de 30 anos, em termos de administração, estou voltando para servir. Porque a Igreja é Missão e estou indo agora indefinidamente, até quando Deus quiser e permitir.

É um exemplo esse seu ardor missionário, disposto a ir além. Lá na África, o senhor já tem uma missão específica?

Costumo repetir em tom de brincadeira, mas é sério. Vale para todos nós. A Missão não admite aposentadoria, nem por idade, nem por tempo de serviço. Nós temos no Zimbabué um chamado noviciado de língua inglesa, então, vou lá para ajudar na formação. Durante um período mais prolongado vou estar em Moçambique, em nossa missão na periferia de Matola. Temos lá um povo acolhedor e alegre, temos muito a aprender com eles.

Neste curso do CCM, passaram 22 corações missionários, abertos ao chamado fora do Brasil. O que o senhor diz aqueles que estão em suas realidades, em termos de fazer algo pelo Reino de Deus? Eu convido especialmente os religiosos, a experimentar a alegria de poder doar um pouco da própria vida na missão ad gentes. E aos jovens convido a se doarem a um projeto na África, onde há muitas carências, mas é um dar onde se recebe muito mais. Portanto, a minha intenção também, quem sabe, é motivar essa juventude para que descubram o sentido de ser missionários. Eu insisto com os seminaristas que ajudei a formar, para que despertem essa convicção profunda de que ser Igreja é ser missionária. A Missão é de Deus. Ele nos confiou e tornou-se missão de todos nós.

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