Cadáveres da migração

Alfredo J. Gonçalves *

No dia 25 de agosto de 2015, as autoridades da Comunidade Europeia, responsáveis pela operação de salvamento no mar Mediterrâneo, encontram um barco superlotado, numa tentativa desesperada de chegar ao sul da Itália.
A embarcação carregava mais de 600 imigrantes a bordo e, entre eles, 51 cadáveres, pessoas mortas por sufocamento na chamada rota do Mediterrâneo.

No dia seguinte, 26 de agosto, numa das rodovias que atravessam a Aústria, nas proximidades da fronteira com a Sérvia, a polícia desconfia de um caminhão parado à beira da estrada.
Ao ser abordado, verififou-se que o automóvel tinha sido abandonado com 71 cadáveres de imigrantes que tentavam cruzar a chamada a rota balcânica (Turquia, Grécia, Macedônia, Sérvia e Hungria). Também estes haviam morrido por sufocamento, não se sabe exatamente há quanto tempo.

Três dias depois, 28 de agosto, próximo às costas da Líbia, um outro barco, igualmente superlotado, sofre um naufrágio. Vira, tomba e vai a pique.
Dos mais de 400 imigrantes que estavam a bordo, apenas 200 foram resgatados pela patrulha de salvamento. Resultam cerca de 200 cadáveres, dezenas deles à deriva e outros afundados junto com a embarcação.

Em menos de uma semana, o número de cadáveres de imigrantes que se aventura por um futuro melhor na Europa ultrapasa a cifra dos 300. Sem dúvida, um espinho na consciência de todos os que lutam pelos direitos e pela dignidade da pessoa humana.

Alfredo J. Gonçalves, CS, é Conselheiro e Vigário Geral dos Missionários de São Carlos.

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