Missionárias da Consolata celebram beatificação de Ir. Irene Stefani em São Paulo, Brasil

Paulo Mzé

No dia 23 de maio, sábado, foi celebrada uma missa da Ação de Graças pela beatificação de Irmã Irene Stefani, missionária da Consolata, às 16h30 na Igreja de Santana, zona norte da capital paulista. A celebração foi presidida por Dom Sérgio de Deus Borges, bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, diante de centenas de fiéis, entre missionários, missionárias, Jovens e Leigos da Consolata.

Em celebração de vésperas da Solenidade de Pentecostes, nos ritos iniciais, o primeiro momento comovente foi quando foi introduzido e acolhido o ícone da agora Bem-aventurada Irmã Irene Stefani.

Dom Sérgio durante a sua homilia, repercutiu as duas beatificações acontecidas no mesmo dia. A do Bem-aventurado Dom Oscar Romero em El Salvador e da Bem-aventurada Irmã Irene Stefani, no Quênia. Centrado na Liturgia da Palavra, o bispo afirmou que a comunidade estava diante de duas beatificações frutos do Espírito Santo, porque ambas são frutos do Amor de Deus. O único capaz de fecundar a vida, levando ao altar de Deus um pelo martírio e outra pela misericórdia. Aliás, Dom Sérgio lembrou à assembléia que a bem-aventurada Irene Stefani, desde os seus tempos de trabalho missionário, no Quênia, no povoado de Ghekondi teve a honra de ser chamada: "Nyina watha", ou seja, a mãe toda bondade. Ou seja, ainda, "Nyaatha" que pode ser traduzido por "a mãe compaixão". Nesta palavra estaria impregnada toda a ternura e admiração para com a Bem-aventurada Irmã Irene Stefani.

Outro momento comovente foi ainda no momento da homilia quando Dom Sérgio convidou Irmã Rosa Clara Franzoi que falou à assembleia do milagre que beatificou Irmã Irene Stefani. Irmã Rosa Clara contou o milagre da multiplicação da água da pia batismal na Paróquia de Nipepe, em Moçambique. O milagre aconteceu quando os catequistas e seus familiares se refugiaram no interior de uma igreja, por causa do ataque militar da Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) grupo, hoje partido político, que faz oposição ao governo. Ficaram sitiados, entre os dias 10 e 13 de janeiro de 1989. As cerca de 250 pessoas fechadas na igreja não tinham reserva de água suficiente. Assim sendo, por sugestão do padre italiano Giuseppe Frizzi invocaram Irmã Irene Stefani. A água foi suficiente para matar a sede de todas as pessoas e ainda banhar uma criança recém-nascida.

Fontes ligadas às Missionárias da Consolata dão conta de que este fato viria a ser repetido em testemunhos de muitos deles. "Por intercessão de Irmã Irene fomos salvos". "Ela nos ouviu e atendeu". "Foi mãe Irene quem fez o milagre". Foi sob este milagre que se embasou a prova comprobatória pela qual se assentou a investigação, inicialmente, em nível diocesano, nos anos 2010 e 2011, posteriormente, ratificada pela Congregação da Causa dos Santos. Finalmente, o decreto com a aprovação do papa Francisco, foi tornado público pela Congregação dos Santos, em 12 de junho de 2014.

Irmã Irene nasceu em Anfo, na província de Brescia. Aos 13 anos, revela aos pais o desejo de ser missionária. Em 1911 entra na congregação das Missionárias da Consolata de Turim, norte da Itália, lugar da fundação em 1910. Em 1914 parte para o Quênia. Durante a Primeira Guerra Mundial torna-se voluntária da Cruz Vermelha, na Tanzânia e depois em 1919 volta para o Quênia, em Ghekondi, onde trabalhará até a morte. Lá recebeu o nome de "Nyaatha", "mulher toda misericórdia". Morreu depois de contrair uma peste entre os doentes que ela cuidava, em 1930.

A celebração foi animada pelo coral do Colégio Consolata, allém de cânticos em várias línguas do continente africano. Esta animação esteve a cargo dos seminaristas do Teológico Internacional Padre João Batista Bísio.

No final da celebração, Irmã Conceição, em nome da direção regional das missionárias da Consolata no Brasil, saudou e agradeceu a todos os presentes. Lembrou a todos que em um ano dedicado à Vida Consagrada, é um presente de Deus à Igreja podermos contar com o exemplo de vida da Bem-aventurada Irmã Irene Stefani e do Bem-aventurado Dom Oscar Romero. Em um mundo como o nosso, a sociedade através da Igreja precisa de pessoas como foram Oscar Romero e Irmã Irene Stefani, acrescentou.

O Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata, ao qual pertence Irmã Irene Stefani, é uma Família religiosa internacional consagrada a Jesus Cristo, tendo como objetivo de vida a Santidade e a Missão além-fronteiras. A finalidade específica da Congregação é a evangelização dos Povos, com opção preferencial aos mais pobres, distantes e excluídos.

A Virgem Consolata é sua padroeira, modelo e guia. Tem como lema: "Anunciarão minha glória aos povos" (Is 66, 19). O Fundador, também Bem-aventurado José Allamano, reitor do Santuário de Nossa Senhora Consolata, fundou o Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata, em Turim, Itália, em 1910. Enquanto o Instituto Missionário da Consolata foi fundado em 1901. Os dois Institutos têm como características principais: 1- o amor à Eucaristia, fonte da evangelização; 2- a devoção a Nossa Senhora Consolata, Mãe da Consolação; 3- O espírito de Família, testemunho do amor de Deus.

As Missionárias da Consolata estão presentes em quatro continentes anunciando o Evangelho entre os não cristãos; sendo solidárias com os mais pobres; assumindo a causa dos povos indígenas e afroamericanos; buscando com ‘a mulher' espaços de participação na Igreja e na sociedade; animando misionariamente a Igreja Local; partilhando o dom da consolação com todos.

Fonte: Revista Missões

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