A copa está começando nas ruas ornamentadas

Joaquim Gonçalves

Um passeio breve pelo bairro Jardim Antártica da orla da Cantareira, foi o bastante para perceber como a copa mexe com o emocional e com o sentido de pertença. No fundo do morro permanece o córrego que desce do tratamento das águas da Cantareira. Pedaços estão à vista, com barreiras de lixo e de entulho de todo o tipo, e outros ficam escondidos sob as casas construídas que dele se servem para o esgoto.

Mas o mais preocupante é a percepção que se tem de passagem de droga de mão em mão, nas esquinas, na porta de pequenos bares, nas traseiras de algumas casas. É preocupante também observar que algumas casas têm construção precária quase em cima do córrego, correndo risco de, em dia inesperado, caírem sobre a água.

Mas subindo o morro dos antigos eucaliptos da antártica, quando ainda era uma mata admirável, podemos ver algumas casas bonitas, algumas ruas bem asfaltadas, o que nos dá a sensação de vida digna e bem arrumada. Mas se a atenção for minuciosa, dá para perceber vielas bem estreitas e longas por onde entram centenas de cidadãos para ter acesso às suas pequenas casas. Esses não podem ter carro nem motos. De noite quase tudo fica no escuro exigindo do "estrangeiro" uma luz manual para não correr o disco de derrapar.

No asfalto já começou a copa. São os jovens que desenham e pintam no asfalto com entusiasmo a esperança de que o Brasil seja o campeão. Eles asseguram que em uma semana aquelas ruas vão ter um rosto pintado de verde e amarelo. O time de cada um ficou silenciado porque agora é a hora do Brasil. Esta é a hora de colocar todo o pessimismo no molho ou fazer um funeral de vez. A copa está aí para multiplicar o entusiasmo e o otimismo.

Fonte: Revista Missoes

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