Vida Consagrada: desinstalar é a palavra de ordem

Agência Ecclesia

Os institutos de Vida Consagrada enfrentam hoje dois grandes desafios: reavaliar o território de missão, atendendo aos problemas atuais da sociedade, e ao mesmo tempo abrir portas para comunicar, mostrar, propor uma experiência de vida, sobretudo aos jovens.

Em declarações prestadas à Agência ECCLESIA, no âmbito da Semana do Consagrado que está a decorrer, o provincial dos Missionários da Consolata em Portugal defende a necessidade de "repensar tudo", não só "a forma de estar presente e de anunciar" Cristo às comunidades mas também os próprios "critérios de partida".

De acordo com o padre Antonio Fernandes, ao contrário do passado, em que "a missão sempre foi compreendida como um partir para África, para a América Latina, para o anúncio, para aqueles que não conhecem Jesus, para a instauração da Igreja", hoje é preciso olhar com mais atenção para outras realidades, mais próximas.

Apesar de Portugal sempre se ter afirmado como um "país nitidamente católico", atualmente essa cultura já não é tão visível nas "pessoas", nas "estruturas" e na "própria construção da sociedade", aponta o sacerdote.

Para a irmã Laurinda Faria, da congregação das Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, reavaliar o território de missão representa sobretudo um "desafio de desinstalação" para todos os institutos religiosos.

"É preciso descobrir onde estão os gritos mais fortes" e ao mesmo tempo desenvolver novas formas de estar e de atuar nas grandes necessidades", aponta.

A Semana do Consagrado conta com a organização da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal e vai prolongar-se até ao próximo domingo, sob o tema "Transformados na Alegria do Evangelho".

O lema escolhido para este ano procura destacar a Vida Consagrada enquanto uma vocação nascida a partir da descoberta do significado mais profundo da alegria, na dedicação a Deus e ao próximo.

Uma alegria que, para o padre Antonio Fernandes, é necessário também saber transmitir à sociedade, e para isso os institutos religiosos têm de "abrir as suas casas" às pessoas, "desmistificar aquilo que é o sacerdócio, a vida religiosa, com tudo aquilo que tem de belo e de menos bom, que é preciso renovar".

"Houve uma altura em que os religiosos se esconderam demasiado, em que mostrarem o absoluto de Deus talvez de uma forma muito intimista", reconhece o sacerdote.

A irmã Laurinda Faria considera que "mais do que ensinar um caminho", os membros da Vida Consagrada são chamados a "comunicar uma experiência", sobretudo aos jovens, um "terreno" atualmente "bastante perdido".

Segundo a religiosa, num tempo marcado por tantas dificuldades e ao mesmo tempo, por uma multiplicidade de propostas, é essencial "comunicar aos jovens que a vida tem sentido" e que pode ganhar novos contornos através da vivência dos valores do Evangelho, de uma entrega total a Cristo e aos outros.

"Explicar isso é difícil porque hoje na prática o amor não é eterno, as experiências dos jovens não são de continuidade, de plenitude, de felicidade, em geral", sustenta a irmã Hospitaleira.

Fonte: www.agencia.ecclesia.pt

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