Brasileiros fazem caminhada da CF 2011 em Roma

Arlindo Pereira Dias, SVD ??? Roma

No domingo, 27 de março representantes do RBR (Religiosos Brasileiros em Roma) e da Comunidade brasileira Nossa Senhora Aparecida realizaram a tradicional caminhada pelas ruas de Roma. O encontro teve inicio às 7h30 com a celebração Eucarística na Basílica Santa Maria Maggiore. Os religiosos expressaram sua sintonia com a Igreja no Brasil refletindo e rezando o tema da Campanha da Fraternidade 2011 "A criação geme em dores de parto". A cor verde-amarela e as canções alegres atraiam a atenção dos turistas ao longo das ruas da cidade. O encontro terminou com a oração do Ângelus na Praça São Pedro onde os participantes receberam uma palavra de alento do papa Bento XVI.

Religiosas e religiosos de países como Itália, Alemanha, Filipinas e Áustria que realizaram experiência missionária no Brasil se juntaram ao grupo. A irmã Laura Cantoni, da congregação das Missionárias da Imaculada que trabalhou de 2000 a 2010 na periferia da cidade de Manaus e em uma equipe itinerante com os povos indígenas na região de Maués, no interior do Amazonas disse haver se "encontrado de novo no mundo brasileiro num momento de espiritualidade e fraternidade".

A portuguesa irmã Maria da Conceição Ribeiro, conselheira geral da Congregação das Irmãs Dorotéias juntou-se ao grupo pela primeira vez e considerou a via sacra "muito original e significativa por ter conseguido fazer algo relacionado com a criação, a ecologia e as preocupações do cuidado da vida no planeta". "Acho que os brasileiros são criativos e sensíveis a natureza e à vida da terra, até porque vivem em um país com problemas tão grandes relacionados à natureza e à criação", acrescentou.

O P. Angelo Mezzari, superior Geral da Congregação dos Rogacionistas também caminhou com o grupo. "È para mim uma alegria poder encontrar com os amigos religiosos do Brasil e sentir-se parte desta fraternidade. Ao mesmo tempo é uma oportunidade de sintonizar-se com a temática do cuidado com a terra, a vida e as criaturas. Não se trata só de uma temática da Campanha da Fraternidade do Brasil, mas de uma questão fundamental para a vida humana na terra".

A pessoa de Jesus Cristo como resposta à grande perda de sentido
P. Angelo Ademir Mezzari, superior geral dos Rogacionistas do Coração de Jesus é natural de Forquilhinha em Santa Catarina. Entrou na congregação aos 12 anos e fez sua formação em São Paulo. Ordenado sacerdote em 1984, P. Ângelo é licenciado em Filosofia e Teologia, com especialização em Teologia Dogmática. Também é licenciado em Jornalismo. É um dos fundadores do Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), participou em varias comissões ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Foi por oito anos provincial na província sul-americana Brasil, Argentina e Paraguai No ano 2010 foi eleito superior geral da congregação. Ângelo afirmou que a sua eleição representa "a esperança naquilo que a Igreja Latino Americana pode contribuir no sentido de dar nova forma e novo rosto à vida consagrada Rogacionista". P. Ângelo falou conosco durante a caminhada:

Que desafios você percebe em relação à problemática das vocações?
Em relação à problemática das vocações no contexto mundial o Brasil conta com uma grande vantagem que é a vida de Igreja. As vocações hoje, seja para a vida religiosa ou diocesana, dependem do contexto de uma igreja que seja realmente viva e participativa. Uma das causas da falta de vocações è a carência de vida de Igreja e de compromisso com o povo. O Brasil é um modelo neste sentido porque se compromete do ponto de vida organizativo e eclesial: os vocacionados sejam leigos, religiosos ou sacerdotes são muito comprometidos.

O desafio atual é a falta de testemunho, a falta de coerência. Isto afasta as pessoas da vida eclesial e de fé, especialmente os jovens que poderiam fazer este caminho de consagração, de doação aos irmãos. A grande revolução do ponto de vista vocacional seria à volta a uma igreja comprometida com as causas sociais, com as causas dos pobres, com a causa do povo que é, portanto, a causa de Deus. Enfim, religiosos e leigos que sejam testemunhas de simplicidade, pobreza e solidariedade.

O grande desafio é contar com mais testemunho, mais martírio, mais amor. Impossível seguir Jesus Cristo naquilo que a sociedade já vive. Só se segue Jesus Cristo naquilo que pode ser novidade para a vida, um sentido para a vida. Na sociedade européia não tem sentido para um jovem seguir Jesus Cristo sabendo que vai encontrar o mesmo estilo de vida que já tem, com os bens que tem. A vida religiosa brasileira, latino-americana e africana pode contribuir com este sentido novo que certamente vai trazer uma esperança vocacional.

Que desafios você vê para o futuro da vida da Igreja?
Como membro de uma congregação de carisma vocacional, um dos grandes desafios é a questão a defesa da vida em todas as suas formas e modos. Outro grande desafio é criar espaços de justiça, de vida e de paz. Nós religiosos temos um papel fundamental quando anunciamos e evangelizamos: ajudar a construir uma sociedade mais justa e fraterna. O anuncio da pessoa de Jesus Cristo é uma resposta à grande perda de sentido que a humanidade vive hoje.

 

Fonte: Revista Missões - Arlindo Pereira Dias

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