Cuidar do nosso Jardim

Cilto Jose Rosembach *

Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse. Deus ordenou ao homem :" Você pode comer de todas as arvores do jardim" Gn.2,15-16.

A Campanha da Fraternidade de 2011 apresenta o tema: Fraternidade e a Vida no Planeta, e o lema : "A criação geme em dores de parto". (Rm 8,22). A grande discussão que a campanha deste ano apresenta é o aquecimento global e as mudanças climáticas que estamos vivenciando em nosso país e no mundo.

Neste contexto somos convocados a retomar a nossa responsabilidade de fé diante da criação enquanto seres da natureza. Cuidar da natureza para com ela e dela viver. Daí a necessidade de dominar a natureza, seja exercendo o " dominus" que significa exercer o senhorio sobre a natureza, à imagem e semelhança de Deus, e não a destruição como vem acontecendo.Deus nos coloca no jardim para dele viver, cuidar, Ele o criou e o abençoou para a nossa vida porque dele dependemos para viver. (Gn.2,16). Assim, temos a necessidade de compreende-lo o e de nos relacionar com ele da melhor forma possível para garantir a vida no planeta.

Sabemos que antigamente a relação com a natureza era mitológica, hoje, porém, a relação é tecnológica, nos apossamos da natureza e não nos relacionamos com ela, fazemos dela um meio, para garantir os nossos objetivos e os interesses nossos e do mercado. Geramos assim o desequilíbrio dela ao invés de cuidarmos,a destruímos. Achamos que a única forma de sobreviver é esta, será?

No atual modo de vida consumista, explora-se a matéria prima, ela é transformada em bens de consumo, mesmo que produza poluição. Distribui-se, consome-se e descarta-se o resto que chamamos de lixo.Neste processo o planeta, aos poucos, é consumido e transformado em gazes que gera o efeito estufa e, conseqüentemente provoca o aquecimento exagerado do globo e causando alterações climáticas desastrosas que provocam deslizamentos em vários estados do país, enchentes, queimadas, secas e muito mais. Há quem pense que Deus é o culpado de tudo isto.
A cada ano, a campanha da Fraternidade procura relacionar a fé com a vida a partir de um problema socio-ambiental que ameaça a vida do povo. No contexto da quaresma e da liturgia da quaresma e da semana santa, que visa preparar o povo para o mistério pascal com o objetivo de tomar consciência e se converter em relação à questão social apresentada na campanha da fraternidade, são apresentados então os chamados exercícios quaresmais: A escuta da Palavra, a oração, o jejum e a esmola.

A escuta da palavra é para que possamos conhecer Deus e o que ele quer de nós, assim, abertos à palavra aconteça à conversão enquanto fruto da ação divina e da nossa resposta como pessoas de boa vontade.

A oração para valorizar os canais da graça de Deus, um diálogo com Deus para nos abrir a proposta da ação divina com o objetivo de conversão. Uma oração que sustenta a caminhada pessoal e comunitária do povo.

O Jejum para nos associar ao mistério de Cristo, a vida sofria do povo, vitimado por catástrofes e desequilíbrios provocados pelas mudanças climáticas, tendo em vista a ressurreição de Jesus e a nossa ressurreição. Assim, o jejum não é isolado ele está associado à prática da caridade da esmola. Por exemplo: o que você jejuou não é seu pertence ao necessitado. Se você jejuou e guardou o dinheiro para comprar bacalhau para o almoço de sexta-feira santa, você não jejuou você fez economia.

Ou então você não comeu ou reduziu a alimentação durante a quaresma, mas não fez nada para o próximo, você simplesmente fez regime. No contexto da quaresma e da campanha da fraternidade o jejum necessariamente se transforma em esmola para sermos solidários com os que sofrem com as mudanças climáticas, a exploração e as injustiças. Assim da para compreender o significado da coleta da campanha da fraternidade que se realiza no domingo de ramos.

Algumas sugestões de compromissos a partir da campanha da fraternidade deste ano:
Cuidar melhor do nosso jardim; coletar e reciclar o lixo; não desperdiçar água; evitar o consumismo extremo; evitar produtos que poluem a natureza, plásticos, tóxicos, etc.
Lutar de forma organizada em defesa do meio ambiente, defender políticas que garantam a vida de todos os seres.
Outros...

* Cilto José Rosembach é Presidente e coofundador da Associação Cantareira; do jornal Cantareira, da Rádio Cantareira. Comunicador popular. Radialista-locutor,mestre em Comunicação e Semiótica, pela PUC-SP; pároco da paróquia Santa Rita de Cássia, assessor da equipe da Pastoral da Comunicação da Região episcopal Brasilandia-SP; ministra cursos de comunicação popular,de comunicação litúrgica.

Fonte: Associação Cantareira

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