5º Congresso Missionário Nacional faz memória dos mártires da Amazônia

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, quis lembrar na tarde deste domingo, 12 de novembro, aqueles que deram a vida pela Amazônia, muitos e muitas deles na missão.

Por Luis Miguel Modino *

A Romaria dos Mártires da Amazônia, que contou com a participação das comunidades, áreas missionárias e paróquias da arquidiocese de Manaus, recordou a quem assumiu as consequências da profecia, sendo um momento para agradecer a Deus por seu compromisso missionário.

Uma Igreja que faz memória e caminha com aqueles e aquelas que por fidelidade ao Evangelho deram sua vida pelos povos da floresta, pelo cuidado da casa comum. Nomes concretos, repetidos no percurso da Romaria, muitos conhecidos, mas também muitos homens e mulheres anônimos que viram ceifadas suas vidas a exemplo daquele que morreu na Cruz. Hoje ressuscitados continuam alimentando a profecia de uma Igreja em cuja memória permanecem vivos.

Sede e saída

Na homilia da missa, celebrada no mesmo local onde São João Paulo II celebrou a missa em sua visita a Manaus, Mons. Maurício Jardim destacou dois temas: a sede e a saída. Segundo o bispo de Rondonópolis-Guiratinga e presidente da Comissão para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, “nossas sedes não se reduzem a sede de água e de coisas materiais, mas temos sede de infinito, de transcendência, de interioridade, de beleza”. Uma sede, que citando o cardeal Tolentino, “mostra-se no desejo de ser amado, olhado, cuidado e reconhecido”, que afirma que “a dor de nossa sede é a dor de nossa vulnerabilidade”.

Dom Maurício Jardim disse que “é necessário acolher e integrar nossas sedes e nossas vulnerabilidades com olhos da fé”, isso porque “a sede também nos faz sair, procurar, encontrar”. Segundo o presidente da Comissão Missionária, “nós também viemos aqui neste congresso sedentos, a procura do noivo que nos fortalece na vida missionária. Viemos sedentos e desejosos para que nossas Igrejas locais sejam cada vez mais em permanente saída missionária”.

O texto do Evangelho do 32º Domingo do Tempo Comum, segundo o bispo, nos convida a “sair de frente do espelho, sair de si mesmo, sair e ir ao encontro do noivo, sair da auto referencialidade; sair para tornar-se próximo dos que estão distantes nas periferias. Sair em direção aos confins do mundo. Sair para encontrar os que mais sofrem, o que estão a margem, a beira do caminho, nas praças, nas ruas, nos hospitais, nos presídios, nas periferias que mais necessitam da luz do evangelho. Sair para concretizar uma das prioridades do programa missionário nacional, refletida no dia de hoje, o compromisso profético social”, insistindo em que “nossa fé se encarna na realidade, nossa fé não é nas nuvens”.

Missão ad gentes nas periferias do mundo

O bispo lembrou as palavras do Papa Francisco na mensagem do Dia Mundial das Missões 2018, que situa a missão ad gentes nas periferias do mundo, nos últimos confins da terra, sem excluir o conceito territorial, geográfico. Ele disse que “com este congresso sonhamos impulsionar a missão ad gentes das Igrejas particulares, até os confins do mundo. O Espírito Santo nos impulsiona a sair, avançando no processo de uma verdadeira conversão missionária”, uma missão que precisa diálogo, escuta, inculturação, testemunho, anúncio explícito de Jesus Cristo. Um sair que não pode esquecer “do óleo da interioridade, do seguimento, da escuta da Palavra e da prática do amor”.

Igualmente, o presidente da Comissão para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial, lembrou as palavras do Papa João Paulo II no dia 10 de julho de 1980 no mesmo local, quando ele se dirigiu aos povos originários: “Que seja reconhecido o direito de habitar as suas terras e dos antepassados na paz e na serenidade, sem o pesadelo que sejam desalojados em benefício de outros, mas seguros, no espaço vital de suas vidas, assim lhes será respeitada e favorecerá a dignidade de cada um de vocês como povo e como nação”. Um caminhar missionário para o que Dom Maurício Jardim pediu que “Deus nos ajude no caminho missionário da escuta e da interioridade, indo sempre em direção aos que mais precisam da luz do evangelho”.

No final da celebração, o presidente da Comissão Missionária enviou o padre Josemar Silva, da arquidiocese de Florianópolis, enviado pelo Regional Sul 4 da CNBB para iniciar a missão na Arquidiocese de Nampula, onde iniciará sua missão junto ao Regional Sul 3 (Rio Grande do Sul), presente em Moçambique desde 1994.

* Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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