Roraima: indígenas venezuelanos realizam curso como espaço educativo intercultural

O Governo de Roraima, por meio da Secretaria de Educação e Desportos (SEED), entregou os certificados do curso “Educação escolar indígena como espaço educativo intercultural”.

Por Juan Carlos Greco *

Foram certificados 36 professores indígenas brasileiros das redes de ensino estadual e municipais de Boa Vista e Pacaraima e professores indígenas pertencentes às etnias Warao, E’ñepá e Taurepang, da Venezuela. O curso foi coordenado pelo Centro Estadual de Formação de Roraima (CEFR) da SEED.

O evento aconteceu no Auditório do Centro Estadual de Educação Profissional Antônio de Pinho Lima (CEEPPAL), no bairro Cauamé em Boa Vista.

Stela Damas, diretora do CEEPPAL, explicou que “a Secretaria realiza um plano de atendimento às crianças indígenas originárias da Venezuela no Brasil”. O plano possui vários parceiros e apoiadores, e conta com o monitoramento do Ministério Público Federal (MPF). “Neste momento estamos certificando os educadores que participaram do primeiro curso de formação continuada que teve como principal objetivo integrar professores brasileiros e indígenas imigrantes compartilhando novas metodologias e debatendo o atendimento às crianças e adolescentes que buscam refúgio em nosso país”, disse Stella.

Muito esforço

Jesús Norberio Paredes e sua esposa, Warao (ambos ex integrantes da Pastoral Indígena em Tucupita, Venezuela) receberam com grande alegria o título docurso Educação escolar indígena como espaço educativo intercultural. “Estamos felizes depois de muito esforço, não só para estudar nesse período, mas também para pagar as passagens de Pacaraima todas as vezes que o curso o exigia. Por isso foi um passo muito importante, a troca de experiência sobre o processo de educação dos povos, uma educação específica e diferenciada, culturalmente falando”. Também “tivemos encontro dos povos indígenas brasileiros e venezuelanos, então o curso representou um grande avanço para nós”, disse um dos colegas de Jesús.

“É uma determinação do governador Antonio Denarium a oferta de formação continuada na Rede Estadual de Ensino, e esse curso oferecido pelo CEFORR foi bem específico para o atendimento aos estudantes indígenas venezuelanos, uma particularidade de Roraima”, ressaltou o secretário de Educação e Desporto, Nonato Mesquita.

Entre as organizações ou instituições apoiadoras do plano de atendimento estão a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a Fundação das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Instituto Pirilampos e o Coletivo Mosaico.

Dois módulos

Os professores que participaram do curso foram alojados tanto no CEFORR quanto nos abrigos da Operação Acolhida. Com carga horária de 70 horas, o curso trabalhou conteúdos como os marcos legais e os desafios dos imigrantes indígenas e as relações interculturais no contexto migratório e educativo.

* Padre Juan Carlos Greco, IMC, trabalhou na Venezuela com os indígenas Warao, povo que agora acompanha em Roraima onde muitos imigraram em consequência da crise da Venezuela.

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