Um sonho missionário

A nossa entrevista de hoje é com a irmã missionária da Consolata, Josenilde Pietrobom, gaúcha do município de Paulo Bento (RS). De férias no Brasil, irmã Josenilde conversou com Missões.

Da Redação

Irmã Josenilde, fale um pouco sobre sua caminhada vocacional.

Conheci as missionárias da Consolata com 13 anos. Entrei para a Congregação, as irmãs eram recém-chegadas ao município de Paulo Bento. O grupo de jovens quis seguir a vida missionária, porque se falava muito da Missão. O nosso sonho era ir para a África.

Fui enviada para Rio de Oeste (SC) onde fiz o Postulantado e realizei várias outras atividades. Depois fui para São Paulo (SP), onde fiz o Noviciado, concluído em 1961. A seguir fiz o curso de enfermagem na Santa Casa, em preparação para a vida na Missão. Foram nove anos de estudos e depois realizei meu sonho missionário de ir para Moçambique, onde me encontro até agora.

São 50 anos de Missão. O que a senhora tem a dizer sobre esse período?

Na Missão vivemos momentos bastante difíceis, no meu caso, como a guerra pela independência, que se deu em 1965. Após a independência, tivemos a guerra civil entre os dois maiores partidos de Moçambique, um querendo o comunismo, comprometido com a Rússia e o outro não querendo. Muito sofrimento, fechamento das missões, missionários presos, alguns expulsos, outros morreram. A nossa presença começou a se tornar difícil. Não se podia ir à igreja, os velhos não podiam, só as crianças. As superioras nos chamaram e perguntaram se queríamos sair do pais e ir para a Itália. Nenhuma missionária aceitou o convite. Todas diziam: “se ficamos nos tempos bons, temos que ficar com o povo nos tempos ruins, sendo sinal de consolação e esperança para todos”.

Qual trabalho a senhora realiza agora em Massinga, Inhanbame?

Estou desenvolvendo um trabalho de pastoral de atendimento social, visitando as pessoas nas comunidades, doentes que precisam de nossa ajuda. Não estou trabalhando mais no hospital, Trabalhava em ambulatório. Fazia serviço de médico, enfermeira, parteira. Em tudo sentia a presença de Deus, que nos ajudava. Nunca tinha pensado em realizar certas coisas em benefício do povo. Deus nos acompanhou e nunca deu nada errado.

Com toda a problemática da Missão de Pemba, e com o despertar missionário da Igreja no Brasil, qual convite a senhora faria para as pessoas abraçarem a Missão?

Nós conhecemos a diocese de Pemba, trabalhamos por muitos anos lá. Foi a minha primeira missão e vermos hoje a destruição dessa diocese dói muito. As forças missionárias não têm capacidade para dar atendimento a esse povo. Tudo nas aldeias foi destruído, saqueado, queimado. Que tristeza a morte de 52 jovens que não queriam seguir os irmãos fundamentalistas e foram massacrados!

O Brasil é um país em que se vive no paraíso. Convido a todos para realizar uma experiência missionária. A messe é grande, os operários são poucos, frágeis, com idade, situações de isolamento, às vezes não têm possibilidade de tratamento. Vinde, há lugar para todos!

Ir. Josenilde termina a entrevista cantando: “Senhor eu vou-me embora, comigo vais também. A minha vida agora, maior sentido tem”.

Fonte: Missões a missão no plural

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