A Globalização e o Neo-pelagianismo

O Neo-pelagianismo constituiu-se na idolatria ao mercado, na exploração do homem pelo homem, na extração desmedida de recursos naturais, tendo como consequência a degradação da nossa casa comum.

Por Fábio Pereira Feitosa

Atualmente vivemos em uma sociedade global, marcada pela pluralidade de ideias, gêneros, credos religiosos e classes sociais. Os famosos tempos modernos ficaram para trás, tal como outras fases históricas, porém na atualidade assistimos a verdadeiros festivais de revisionismos, que acabam trazendo à tona ideias e conceitos já ultrapassados que acabam se adaptando facilmente aos tempos atuais, o que acaba representando riscos eminentes ao destino do homem enquanto ser social.

Pelagio1Dos vários conceitos que estão sendo revisionados na atualidade, resolvemos analisar de forma breve o que podemos chamar de Neo-pelagianismo, como o próprio nome sugere, este conceito é uma revisão revisionada do Pelagianismo.

Para entendermos o que é o conceito alvo deste artigo, devemos compreender inicialmente o Pelagianismo. Este deriva de Pelagio, monge da Bretanha que afirmava não ser necessário o auxilio da graça de Deus para realizarmos atos de bondade. Tal filosofia foi condenada e considerada heresia pelo papa Inocêncio I.

Com o passar do tempo, esta filosofia acabou sendo reformulada e assim, assistiu-se o surgimento do Semi-pelagianismo, de acordo com esta vertente, a Graça de Deus nos auxilia, porém somos nós que tomamos a iniciativa. Tal como o Pelagianismo, esta corrente acaba por não reconhecer algo básico: A Trindade habita em nós, porém a iniciativa parte sempre dela.

Como podemos perceber, o Pelagianismo já foi revisionado. Atualmente assistimos o surgimento do Neo-pelagianismo, tendo sido este criticado pelo Papa Francisco.

Mas o que seria o Neo-pelagianismo? Podemos entender este conceito como uma consequência nefasta do processo de Globalização, no qual assistimos um terrível espetáculo de contradições, entre os que são diretamente beneficiados pela Globalização (os que podem pagar por ela) e o que são por ela marginalizados (os que não podem pagar por ela). O Neo-pelagianismo constituiu-se na idolatria ao mercado, na exploração do homem pelo homem, na extração desmedida de recursos naturais, tendo como consequência a degradação da nossa “casa comum”.

Assim podemos concluir que o Neo-pelagianismo constitui-se em uma forma de negar a presença de Deus que habita em mim e que habita no outro, meu semelhante. Tal conceito constitui-se também em uma forte tentação nos tempos atuais. Porém, precisamos nos unir como irmãos e fugir das armadilhas deste novo Baal, que usa do individualismo, do isolamento, da competição desleal, da busca por lucros a todo custo e da lógica doentia de mercado para atingir seus objetivos, sem parar para analisar as drásticas consequências deste processo. Assim temos uma ameaça constante não só aos mais pobres, mas a toda humanidade.

*Fábio Pereira Feitosa é formado em História e pós-graduado em Educação.

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