A crise não é socioambiental, é civilizatória

O preço de sermos livres da natureza é a eterna vigilância.

Por Vilmar Berna*

Nos tempos difíceis, quando recursos estão ameaçados, é que nossas forças e utopias são testadas. Aparentemente, tudo indica que conseguimos pular o muro dos limites que a natureza interpõe a todas as espécies, mas para que? Para explorar e destruir melhor o Planeta, como se fôssemos um tipo de praga planetária, que come até o último recurso? Ou a consciência e inteligência, aparentemente mais evoluída em nossa espécie, conseguirá nos salvar do fim destinados a todas as pragas?

seca-nordeste-04Não nascemos humanistas ou democratas. Estas são utopias e invenções humanas, construídas dura e cotidianamente e, assim como acontece com a lua, quando para de crescer começa a diminuir. O preço de sermos livres da natureza é a eterna vigilância.

Sem nossa consciência e inteligência, não produziremos cultura humana e então voltaremos a ser regulados pela natureza, onde sobreviver é a ordem do dia.

No mundo natural, não existe nada que impeça ao vencedor praticar canibalismo ou infanticídio contra os perdedores, assegurando assim que só seus genes irão prosperar. É assim com diversas espécies, de felídeos a primatas. Ou de usar o corpo de outras espécies para depositar os ovos cujos filhotes comerão o hospedeiro de dentro para a fora, como acontece entre vespas. Ou invadir e ocupar territórios para assegurar mais recursos, como acontece em todas as demais espécies, sem importar se sobrará recursos para outros. Simples assim, esta é a regra. Os mais fortes engolem os mais fracos.

*Vilmar Berna, é editor da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e Prêmio Global 500 da ONU para Meio Ambiente.

Deixe uma resposta

20 − dezessete =