O desejo de paz e cuidado da vida do Planeta leva brasilienses às ruas

Esta Caminhada está valendo a pena não só pelo número de pessoas, mas pelo fato de visibilizar a necessidade da paz. É muito importante combater a violência, no sentido de proporcionar a paz, proporcionar relações novas

Por Rosinha Martins e Jaime C. Patias (Fotos)

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O desejo de uma vida serena vivida em harmonia com o meio ambiente, levou para o Eixão no Plano Piloto de Brasília (DF), cerca de 10 mil pessoas na Caminhada da Paz. Eram crianças, jovens, idosos, indígenas, quilombolas, negros, brancos e mestiços, padres, pastores, bispos, religiosos e religiosas carregando bandeiras e faixas para percorrer 4 quilômetro, na manhã deste domingo, 04 de outubro.

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Dom Leonardo Steiner em meio à multidão.

O evento teve como objetivo refletir sobre o desenvolvimento de uma cultura de paz, na busca da superação da violência através do diálogo, na resolução de conflitos com serenidade, na convivência fraterna e na promoção e garantia dos direitos humanos.

“Esta Caminhada está valendo a pena não só pelo número de pessoas, mas pelo fato de visibilizar a necessidade da paz. É muito importante combater a violência, no sentido de proporcionar a paz, proporcionar relações novas”, disse o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner em meio à multidão. “Esta Caminhada tão tranquila, todos vestidos de branco, significa que queremos levantar a bandeira da paz, reerguer o grito da paz”, complementou o bispo.

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Izamba Kapalu.

O pastor evangélico angolano, Izamba Kapalu, diretor do Meio Ambiente e superintendente Internacional da Organização Mundial dos Direitos Humanos (OMDH), membro da Organização das Nações Unidas (ONU), destacou valores fundamentais sem os quais é impossível conseguir a paz no mundo, entre eles a família, a igualdade e a liberdade de expressão. “Tudo aprendemos dentro da família, amar, obedecer, como também a paz, é dentro da família que a adquirimos. Uma nação é o conjunto das famílias. Precisamos cultivar a paz para caminharmos para um mundo melhor”, garantiu o pastor. Ele se sentiu entusiasmado ao ver tantas famílias presentes na caminhada.

Encíclica Laudato Sí’

A encíclica do papa Francisco, Laudato Sì’, foi o documento base do percurso, com seus capítulos refletidos em quatro diferentes paradas. “A terra clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nos confiou”, destacou o jesuíta e cientista político, padre Thierry de Roucy ao refletir sobre a introdução e o primeiro capítulo do documento.


Ainda para Thierry, “a humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater o aquecimento global”. Disse também, que se a tendência atual se mantiver, “este século será testemunha de mudanças climáticas inauditas e de uma destruição sem precedentes dos ecossistemas com graves consequências para todos nós”.

A perda da biodiversidade, a deterioração da qualidade de vida humana, a água e a degradação social foram temas da Encíclica que ecoaram no coração de Brasília durante o ato.

Povos indígenas e quilombolas

000 a a caminhada 53A Caminhada deu voz aos povos indígenas e quilombolas que lutam pela retomada de suas terras, condição indispensável para viveram em paz e com dignidade. O quilombola de Perimiri no Maranhão, Inocêncio Teixeira, veio a Brasília com outras 45 lideranças para se unir aos indígenas numa Audiência Pública na Câmara dos Deputados sobre violência contra comunidades tradicionais. Ele foi até o Eixão representar as comunidades. “Fizemos um esforço para estar nesta Caminhada da Paz porque essa luta vem do coração de Deus que deixou a terra para todos. Nós estamos no campo e não queremos a violência. Somos uma irmandade com os indígenas e estamos lutando conta os latifundiários pela terra de onde tiramos o sustento”, relatou Inocêncio.

Defensor da biodiversidade, o líder indígena Alderi Gamela, do Maranhão, caminhava ao lado de Ismarthi Guarani Kaiowa, da Terra Indígena Curuaçu Ambá no Mato Grosso do Sul. A violência contra essas comunidades vem crescendo, com ações que favorecem o agronegócio e provocam degradação ambiental. “Queremos nossas terras tituladas pelos governantes que só dão apoio aos fazendeiros. Para nós, a paz significa o acesso livre à terra”, defendeu Alderi Gamela.

A presença da Vida Consagrada

000 a a caminhada 5A Vida Consagrada marcou presença na caminhada através de religiosos e religiosas e suas instituições educacionais. Alunos, professores e pais dos colégios Marista, La Salle, Berlaar Madre Blandina, Carmem Sallés, Escola Sagrada Família, Notre Dame, Centro Educacional São Camilo e Instituto Educacional São Judas Tadeu tiveram participação ativa com apresentações artísticas e até com serviços de gari em vista da manutenção da limpeza da via provando que é possível conservar a cidade limpa.

Organizada pela arquidiocese de Brasília, a Comissão Justiça e Paz, Cáritas Brasileira e Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), a Caminhada é uma das atividades do Ano da Paz, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Fonte: www.pom.org.br

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