Padre conhecido por lutar pela igualdade de gêneros no século XIX será beatificado

Assessoria de Imprensa

Era noite entre os dias 11 e 12 de fevereiro de 2008, quando Maria Grazia Veltraino sonhou com Padre Luís Caburlotto. Ela ouviu a voz do sacerdote dizendo: "Anda!". No dia seguinte, levantou da cama e foi capaz de ficar de pé, sem apoio e sem sofrimento. Após uma bateria de exames, sua médica dra. Giannelli Stefania admitiu: "Este é um milagre para aqueles que acreditam, pois para a ciência é algo inexplicável". Com anos de estudos e após passar pelo rigor do Vaticano, o caso foi reconhecido como verdadeiro milagre, ou seja, quando não é encontrado nenhum tipo de indício científico que justifique o que aconteceu. A Beatificação acontece em 16 de maio de 2015, às 10 horas, na Catedral de San Marco, em Veneza, Itália.

Este primeiro milagre somado à obra do padre pelo direito da mulher à educação e trabalho digno renderam a ele a posição de beato da igreja católica. A igualdade de gêneros é um tema bastante abordado atualmente pela sociedade. Até mesmo a Igreja vem abrindo espaço para esse tipo de discussão. Papa Francisco, autoridade máxima da Igreja Católica, declarou no último mês que é contra a diferença salarial entre homens e mulheres. "Por que é dado como certo que mulheres devem ganhar menos que homens? Elas possuem os mesmos direitos. A discrepância é um escândalo", disse a centenas de milhares de pessoas em seu discurso na Praça São Pedro.

Na época em que viveu Caburlotto, há cerca de 200 anos, o contexto era muito diferente. O papel da mulher na sociedade era apenas de submissão e de inferioridade em relação ao homem. Em meados do século 19, o acesso à educação era restrito à alta nobreza. Aos meninos pobres, ainda havia apoio da Igreja Católica, dos padres Cavanis, que lhes ensinavam o básico, mas para as meninas de baixa renda, não havia auxilio. Luís Caburlotto já tinha uma visão diferente e dedicou sua vida a trazer dignidade e educação a essas futuras mulheres.

"A mulher constrói ou destrói a casa, esta era a minha convicção. Precisava tirar as meninas da triste condição de "instrumentos úteis" e abrir para elas caminhos, para percorrerem estradas que as levassem a tornarem-se mulheres conscientes da própria dignidade e força", Pe. Caburlotto.

Sua obra teve início em meados do século 19, quando a Itália passava por uma sucessão de guerras civis e a miséria tomava conta do país. Pais e mães eram obrigados a deixar seus filhos nas ruas. Aos meninos, ainda existia algum tipo de apoio, mas as meninas ficavam esquecidas. Foi então que o padre iniciou, em 1850, uma Escola de Caridade, o Instituto das Filhas de São José, para a educação das meninas abandonadas, pois tinha convicção de que a transformação da sociedade aconteceria por meio do cuidado com as famílias e dizia que, se uma menina fosse salva, uma família também seria salva ao mesmo tempo.

Com apoio de três fiéis leigas, que acreditaram e abraçaram a causa, criou a primeira escola de caridade exclusiva para meninas de baixa renda. Além de introduzirem leitura e escrita, essa mulheres também ensinavam noções de matemática e um pequeno ofício às meninas, a fim de que adquirissem conhecimento e autonomia para uma vida com mais oportunidades e menos miséria.

A vida e o trabalho que Caburlotto desenvolveu até seus últimos dias, e que perdura até hoje, foram tão importantes quanto o milagre que fez. Ele foi um sacerdote que, sem medo, batalhou pelo direito das minorias, iniciando a luta pela igualdade que a sociedade vivencia até hoje.

Antes de morrer, um de seus últimos pedidos foi que a obra fosse levada à América Latina, mais especificamente ao Brasil. Então, em 1927, chegaram da Itália as Irmãs Filhas de São José ao interior de São Paulo e deram início ao trabalho educativo junto às crianças, adolescentes e jovens, seja na educação em escolas públicas, na catequese ou nos grupos paroquiais. Logo, a missão se expandiu por outras cidades do estado como São Paulo, Ribeirão Pires, Porto Feliz e Salto. No Brasil, a Igreja reconhece a importância de sua obra e o marco da Beatificação e, como ação de graças será celebrada, no dia 12 de julho de 2015, às 11h, uma missa, na Catedral da Sé.

Sobre o Instituto das Filhas de São José

Em 30 de abril de 1850, foi fundado o Instituto das Filhas de São José pelo Pe. Luís Caburlotto. Desde então, a educação proporcionada pelo Instituto é uma via de acesso para que o educando aprenda a ocupar o seu lugar no mundo, presente e futuro, sendo protagonista em seu aprendizado e na sua história pessoal a fim de engajar-se construtivamente na sociedade. No Brasil desde 1927, o Instituto já conta 37 irmãs presentes em seis comunidades religiosas, atuando na administração de escolas, obras sociais e nas paróquias, colaborando com a catequese, a liturgia, o grupo de jovens, dentre outras ações.

Fonte: Virta Comunicação Corporativa

Deixe uma resposta

11 − 5 =