5º Encontro Nacional sobre a Missão Continental reflete sobre os 50 anos do Decreto Ad Gentes

Marcelo Ávila

"Celebrando a abertura do cinquentenário do Decreto Ad Gentes: o caminho seminal do documento sobre a missão do Concílio Vaticano II à proposta da Nova Evangelização e os novos desafios da missão ad gentes". Este é o tema de mais um evento promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM) em parceria com a Comissão Episcopal para a Missão Continental da CNBB.

Trata-se do 5º Encontro Nacional sobre a Missão Continental que acontece em Brasília (DF), entre os dias 10 e 14 de novembro com a participação 20 pessoas vindas de várias partes do Brasil. A proposta é refletir as implicações do Decreto do Concílio Vaticano II sobre a atividade missionária para a caminhada da Igreja latino-americana.

No primeiro dia, padre Estêvão Raschietti, secretário executivo do CCM, fez uma ampla reflexão sobre o Decreto Ad gentes, a partir da contextualização histórica do documento. O Decreto foi apresentado como um fruto das instâncias missionárias do Concílio Vaticano II, que marcou uma verdadeira época de transição eclesial levando a Igreja a uma dimensão mundial e missionária. Padre Estêvão aprofundou em particular os princípios doutrinais do Decreto, a novidade da visão missiológica subjacente, para depois apresentar de forma específica as atividades missionárias e a cooperação entre as Igrejas.

Em seguida, o assessor da Comissão para a Missão Continental, padre Sidnei Dornelas, refletiu sobre a Nova Evangelização e a Missão Continental, sempre a partir da riqueza do Decreto conciliar. Depois de uma reconstrução histórica sobre o conceito de "Nova Evangelização", o assessor mostrou a tradução desta dimensão missionária na Missão Continental. Segundo ele: "Na celebração dos 50 anos da realização do Concílio, entre tantos documentos de importância fundamental para a caminhada da Igreja, não podemos esquecer o Decreto Ad Gentes. Acolhendo as grandes intuições sobre os rumos da evangelização no mundo contemporâneo, o Ad Gentes é a expressão da novidade da Igreja sobre a missão", explicou e complementou. "A missão não é uma pastoral ao lado das outras, ou simplesmente a expansão e a implantação das Igrejas no meio dos povos não cristãos. A Igreja itinerante é missionária por natureza, porque nasce da Missão de Deus: o Pai que envia o Filho no Espírito Santo".

Para Janete Monteiro Goés, vice-coordenadora do Conselho Missionário (Comidi) de Manaus (AM), o encontro provocou profundos questionamentos sobre a relevância do Decreto Ad Gentes. "Como é que temos um documento tão rico em nossas mãos há 50 anos e pouco o conhecemos?" Para ela, novas perspectivas foram abertas e "é preciso, mais do que nunca, que todo povo de Deus se reconheça como discípulos e missionários e atenda ao pedido do papa Francisco de sermos uma Igreja em saída".

Padre Adílson Zilio, da diocese de Caxias do Sul (RS) e coordenador do Conselho Missionário Regional (Comire) Sul 3, diz que o encontro está possibilitando partilhas de muitas iniciativas e ações missionárias. "O estudo do Decreto Ad gentes ajudou a ver tantos desafios e tantas ações concretas em nossa missão. Não podemos esquecer que a essência da Igreja é ser missionária. Portanto, a missão não é uma pastoral, a missionariedade perpassa toda a pastoral da Igreja local, assim que cada setor, cada iniciativa, tem algo de missionário a oferecer".

Os trabalhos do terceiro dia foram assessorados pelo padre verbita indiano, Joachim Andrade, há mais de vinte anos no Brasil. O missionário falou sobre os desafios atuais e as perspectivas da missão ad gentes. Diante de um mundo secularizado e pluricultural, marcado pelo individualismo, pelo fundamentalismo e pela crise das relações, a missão ad gentes é o movimento que nos chama a ir ao encontro do outro.

"Para isso é preciso saber deixar a minha realidade e saber chegar na realidade do outro. É algo de muito profundo que mexe com toda a existência. Nessa saída e nesse encontro, proporcionado pela compaixão e pela aproximação, acontece um diálogo profético: a missão se realiza na reciprocidade, na certeza que a ação de Deus antecipa esse encontro, mas também acontece nesse encontro entre eu e o outro". Para Andrade, toda a mensagem e a orientação do pontificado de papa Francisco vai nessa direção.

O Decreto Ad Gentes, que abriu as portas para uma ampla e profunda reflexão missiológica, será relembrado em outros eventos como no 4º Simpósio de Missiologia a realizar-se nos dias 23 a 27 de fevereiro de 2015. Promovido pelo Centro Cultural Missionário e a Rede Latino Americana de Missiólogos o Simpósio terá como tema: "50 anos do Decreto Ad Gentes: por uma nova presença da Igreja no meio dos povos na reciprocidade da missão". Para esse evento serão convidados, além de pesquisadores e especialistas, também representantes de institutos, comunidades e organismos missionários de todo Brasil.

Fonte: www.pom.org.br

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