Acordo em Moçambique entre governo e a Renamo

Agência Lusa

O governo e a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) assinaram no dia 24 de agosto em Maputo, ao fim de mais de um ano de negociações, um cessar-fogo, com efeitos imediatos em todo o território, e a base de entendimento para o fim das hostilidades no país. Foram assinados o memorando de entendimento, os mecanismos de garantia e os termos de referência da equipe militar de observação do cessar de hostilidades.

O acordo foi assinado pelo chefe da delegação governamental e ministro da Agricultura, José Pacheco, e pelo líder dos negociadores da Renamo, Saimone Macuiana, que depois se abraçaram perante os jornalistas, representantes de ambas as partes, numa cerimônia transmitida ao vivo pelas principais televisões do país. Macuiana disse "este acordo significa também que a partir deste momento Moçambique começa um novo caminho em que as Forças de Defesa deixam de ser de um partido político, como acontecia até este momento.

As Forças Armadas, a Polícia da República e o serviço de segurança de informação do Estado passam a servir o estado moçambicano e são proibidos de participar em atos partidários", revelou, insistindo que este "é o fim de uma jornada difícil, mas, necessária".

O chefe dos negociadores da Renamo referiu-se ainda ao líder da Resistência, Afonso Dhlakama, que permanece em parte incerta, provavelmente em Gorongosa, no centro do país, desde que o seu acampamento foi atacado pelo exército em outubro do ano passado. "Não poderíamos terminar sem saudar o presidente da Renamo, que escapou da morte no dia 21 de outubro de 2013 na sua residência em Satungira, província de Sofala. Valeu o sacrifício. Com a sua persistência o povo moçambicano ganhou a paz, a liberdade, a democracia e mais uma vez mostrou ao mundo a sua capacidade de entre si resolver os problemas nacionais", observou Macuiana. No último ano e meio, os confrontos entre exército e o braço armado da oposição provocaram um número indeterminado de mortos e feridos na região da Gorongosa, bem como nas emboscadas da Renamo a colunas de veículos escoltadas pelos militares num raio de cem quilômetros da única estrada que liga o sul e o centro do país.

Dhlakama disse que só abandonará o seu esconderijo após a declaração de um cessar-fogo, o que se verificou ontem, tendo-se recusado a atender ao pedido do presidente da República de assinar o entendimento ao mais alto nível em Maputo. Moçambique tem previstas eleições gerais para 15 de outubro.

Fonte: SAPO com Agência Lusa

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