Jaime C. Patias, Cúpula dos Povos na Rio+20
Com faixas, camisas, bandeiras e carro de som, as mulheres saíram do Sambódromo, no Centro do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira, 18, e seguiram em marcha até o Museu de Arte Moderna, onde realizaram discursos e uma batucada. De lá seguiram até o Aterro do Flamengo passando por avenidas movimentas como Almirante Barroso, Rio Branco e Nilo Peçanha. No clima da Rio+20, as manifestantes usaram garrafas plásticas, vasilhas e baldes como tambores. Com rostos pintados, as mulheres chamaram a atenção para problemas que afetam a vida no Planeta e pediram justiça social e ambiental, um dos principais objetivos da Cúpula dos Povos.
"A nossa caminhada é para denunciar a nova alternativa do capitalismo verde e da economia verde", explicou Isabel Freitas da coordenação da Marcha Mundial das Mulheres. "Para o movimento feminista, os lutadores sociais, o capitalismo verde não é a solução. A solução é uma economia justa e solidária em que todos e todas tenham acesso aos recursos, à biodiversidade do nosso sistema. As mulheres da Marcha Mundial estão aqui para dizer que a solução que o capitalismo ofereceu não resolveu os problemas da humanidade, pelo contrário, criou mais miséria e violência do patriarcado contra as mulheres, piorou a condição dos negros e negras, vem usando a juventude para o consumo", clamava Isabel ao liderar a caminhada desde o carro de som. "Nós não acreditamos na solução do capitalismo da Cúpula que está reunida na Rio+20. Por isso a Cúpula dos Povos se reúne para construir as nossas soluções".
Indianava Reis, do Movimento de Atingidos por Barragens - MAB, do Rio Grande do Sul, pedia o fim da violência contra as mulheres do campo e a criação de uma política nacional de direitos dos atingidos por barragens. O movimento surgiu na década de 70, a partir das mobilizações de agricultores contra a construção de usinas hidroelétricas na região do Alto Uruguai, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo a organização, participaram da caminhada cerca de cinco mil pessoas da Marcha Mundial das Mulheres, mulheres da Via Campesina e do MST, da CUT, Camponesas independetes, quilombolas e indígenas, entre outras. Mais tarde, foi a vez dos Povos Indígenas tomarem as ruas do Centro, para protestar contra o financiamento, por parte do BNDES, de grandes obras que afetam suas terras e degradam o meio ambiente.
A Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil que contrapõe a Rio+20, iniciou no dia 15 e se estende até o dia 23. Concentradas no Aterro do Flamengo, as diversas Atividades autogestionadas de articulação que acontecem em tendas armadas para o evento, tem por objetivo acumular debates para a Assembleia dos Povos, espaço central da Cúpula onde serão definidas as lutas, ações e práticas para o período seguinte à Rio+20.
Fonte: Revista Missões