Semana Missionária para a Amazônia 2010

Comissão Episcopal para a Amazônia *

Ser missionária é a razão de ser da Igreja católica. O mandato foi entregue diretamente por Jesus. Quando se despediu para voltar para junto do Pai disse aos apóstolos: "Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado" (Marcos, 14,15-16).

Para confirmá-los na fé, no dia de Pentecostes enviou-lhes o Espírito Santo que se tornou presente neles em forma de línguas "como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia expressar-se" (At 2,3-4).

A partir deste acontecimento fundante da nossa Igreja, as línguas foram se multiplicando e sendo faladas em todos os lugares e para todos os povos aonde o Espírito os conduzia. Falar em "outras línguas" não ficou sendo privilégio apenas dos doze apóstolos. Graças a estes, multidões passaram a falar as línguas dos povos para onde o Espírito os precedia e os assistia com sua presença.

A Igreja que está na Amazônia, tem desde suas origens o dom de falar diversas línguas. Do português, espanhol e francês, os missionários começaram a falar as línguas dos povos que aqui residiam desde muitos séculos e dos povos que iam chegando, livremente ou forçados. Já são quase quatro séculos que está acontecendo este milagre das línguas. O Evangelho foi sendo anunciado nas línguas tupi, guarani, tucano, yanomami, ribeirinha, seringueira, castanheira, nas diversas línguas dos povos migrantes. Atualmente está enfrentando o desafio de aprender a falar a língua urbana, já que a maioria dos povos habita nossas cidades.

O Espírito Santo não deixa de estar presente e continua ensinando a falar línguas diversas. O que está faltando no tempo atual é gente para falar estas línguas. Por isso "esperamos em novo Pentecostes que renove nossa alegria e nossa esperança" (Dap 362).

Nossa Igreja aprendeu de Jesus a chamar e a enviar. E temos a convicção de que quando ela chama e envia, está sendo instrumento do Espírito Santo.

Recentemente, são muitos os chamados que a Igreja da Amazônia tem feito para que mais missionários e missionárias escutem as vozes destes povos amazônidas. Eles estão sequiosos da Palavra de Deus. Muitos destes povos se deixam iludir por palavras que não são A PALAVRA. Isto acontece por falta de proclamadores da PALAVRA.

A iniciativa mais recente da nossa Igreja foi a aprovação da SEMANA MISSIONÁRIA PARA A AMAZÔNIA. Ela deve acontecer em toda a Igreja na quarta semana de outubro, mês das missões. Neste ano acontecerá entre os dias 25 e 31 de outubro.

Esta semana quer atingir a todos os católicos: famílias, catequeses, escolas e universidades católicas, comunidades eclesiais de base, movimentos católicos, paróquias, dioceses. Deve ser uma semana de estudos sobre a realidade amazônica. Este estudo é de fundamental importância porque a Igreja da Amazônia, como aliás toda a Amazônia, é pouco conhecida. Deve ser também uma semana de muitas orações para que haja um despertar de pessoas, tanto da região, como de todo o Brasil que escutem o que o Espírito lhes diz e se disponham a partir em missão.

Deve ser também uma semana de renúncias (penitência) em favor desta Igreja. Renunciar a quê? A gulodices, as coisas supérfluas e desnecessárias, a pequenos ou grandes prazeres e a tantas outras coisas ou atividades que o amor à missão vai sugerir. As economias oriundas destas penitências (renúncias) serão entregues às paróquias para que estas as enviem às Igrejas da Amazônia por meio da COMISSÃO EPISCOPAL PARA A AMAZÔNIA, CNBB, em Brasília/DF.

Por que tudo isto? Porque faltam missionários e missionárias e porque faltam recursos materiais para manter as missões. Com a generosidade do povo católico certamente a Palavra haverá de ser multiplicada e mais línguas serão faladas neste meio amazônico.

Lembremo-nos das campanhas realizadas pelo apóstolo São Paulo entre as comunidades do seu tempo em favor da comunidade cristã de Jerusalém. Esta, devido à perseguição que sofria, passava por graves necessidades. E o povo das demais comunidades foi muito generoso (2Cor 8). Aprendamos a viver esta generosidade: escutar, responder sim, rezar e ajudar.

* Dom Antonio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná/RO, vice-presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, bispo da Comissão Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e da Paz do Regional Noroeste da CNBB.

Fonte: www.cnbb.org.br

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