Centenário da Diocese de Corumbá

Ubajara Paz de Figueiredo *

Festa de ação de graças da caminhada Pastoral e Missionária da Igreja em Mato Grosso do Sul.

A Diocese de Santa Cruz de Corumbá está em festa, comemorando e celebrando seu primeiro centenário. Segundo dados do Anuário Católico do Brasil, Corumbá tornou-se diocese no dia 10 de março de 1910, ocasião em que o Papa São Pio X para constituir a Província Eclesiástica de Cuiabá, criou as Dioceses de São Luís de Cáceres e a de Santa Cruz de Corumbá, pela única Bula "Novas constituere". (Segundo dom Segismundo Martinez, a data seria 05 de abril).

Para a Igreja em Mato Grosso do Sul, essa festa de Corumbá e Ladário, únicos municípios que a integram atualmente, é de suma importância para a Arquidiocese de Campo Grande e as dioceses de Dourados e Jardim, diretamente dela geradas, e para as dioceses de Coxim e Três Lagoas, nascidas de Campo Grande. O ano de 1910 é um marco histórico da atenção concreta da Santa Sé em acompanhar mais de perto as necessidades que a Igreja na região começava a sentir, pois o crescimento da população não mais dependia só do transporte fluvial, mas era facilitado pelo terrestre e posteriormente pelo aéreo.

A celebração desse 1º centenário leva a Igreja em MS a um solene hino de louvor e gratidão a Deus pelos bispos que a pastorearam e se empenharam em buscar respostas às necessidades de contarem com mais padres e agentes pastorais para melhor atenderem, na linguagem de então, a cura d'almas das levas demográficas que foram provocando o surgimento de novos municípios e, conseqüentemente, de novas paróquias. Desse empenho ocorreu a vinda de missionários e missionárias de várias congregações religiosas, como os: Salesianos, Redentoristas, Franciscanos, Filhas de Maria Auxiliadora, Irmãs da Companhia das Filhas de São Vicente de Paulo, Irmãs de São Vicente de Paulo Servas dos Pobres de Gijzegem, Irmãs Franciscanas da Imaculada conceição de Bonlanden, e mesmo a criação da Congregação das Irmãs de Jesus Adolescente, por corajosa iniciativa de Dom Vicente Maria Priante. Todas elas, para atingirem melhor os objetivos da missão junto ao povo, investiram em suscitar vocações e organizar suas respectivas casas de formação, bem como em cultivar a vida cristã dos fiéis, por meio de suas associações apostólicas, como o Apostolado da Oração, a Congregação Mariana e as Filhas de Maria e dando atenção ao surgimento de novas comunidades.

Para melhor entendimento da atual organização e realidade da Igreja em Mato Grosso do Sul, é indispensável sublinhar-se a novidade do pastoreio de Dom Orlando Chaves. Ao assumir a Diocese em maio de 1948, literalmente foi visitando todas as paróquias e todos os vilarejos existentes, solicitando anos depois a ajuda de um bispo auxiliar que a Santa sé lhe concedeu na pessoa de Dom Ladislau Paz. Demonstrou assim como encarou de peito aberto duas urgências: a de dotar a diocese de seu clero próprio e a de fazer surgir na região novas dioceses. Para tanto, criou o Seminário Diocesano em Campo Grande, centro geográfico da Diocese e, no decorrer da década de 1950, tratou também do projeto do desmembramento da diocese, indo bater às portas do provincial dos freis Capuchinhos e da Sociedade do Apostolado Católico fundada por São Vicente Palotti. Dessa forma pode criar mais paróquias e prover as que estavam vacantes. Feito isso apresentou à Santa Sé o projeto das novas dioceses que o saudoso Papa Pio XII acolheu e efetivou, ao criar pela Bula Inter Gravíssima, de 15 de junho de 1957, as dioceses de Campo Grande e de Dourados, cuja ereção canônica ocorreu respectivamente nos dias 24 e 25 de maio de 1958. Passados 20 anos, o Papa Paulo VI, no dia 3 de janeiro de 1978, criou da Diocese de Campo Grande a Diocese de Três Lagoas e a Prelazia de Coxim, atualmente erigida em diocese. Completando o quadro das circunscrições eclesiásticas em MS, o Papa João Paulo II, no dia 30 de janeiro de 1981 criou da Corumbá a Diocese de Jardim.

Bonito de se ver e contemplar como Corumbá celebra seu 1º. Centenário com o rosto que, melhor cultivado, revela a identidade de ser verdadeira Igreja Particular. Sente como o bispo pode ser um pastor bem mais próximo a seu povo, e constata que o sonho de dom Orlando Chaves de dotá-la de seu clero próprio progressivamente vai consolidando-se. Na verdade, das atuais sete paróquias, quatro estão confiadas ao pastoreio de padres diocesanos.

Em sintonia com o que já acontece na Igreja em MS, essa querida diocese centenária, tem na pessoa de Dom Segismundo Martinez Alvarez, seu 13º pastor, o bispo que, levando-a em conta, valoriza sua caminhada histórica, ao programar a comemoração do centenário para ela poder viver a alegria de ter oferecido para a evangelização universal alguns de seus filhos e filhas que nela nasceram, como: o padre Aurélio Rezende Neto SDB, há anos missionário em Angola, a Ir. Isoleta do Nascimento, que optou ser missionária pela vida em Moçambique e atua na Igreja de Namaacha, Ir. Tânia Aparecida Franco Monteiro, missionária no Timor Leste, o Pe. Júlio Mônaco, capitão capelão na pastoral dos militares do Exército nacional. Indispensável ainda destacar missionários que, após anos inseridos na pastoral dela, foram chamados ao episcopado: Dom Miguel Alagna, de feliz memória, que foi bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira - AM, Dom Giovanni Zerbini, bispo emérito de Guarapuava, PR e Dom Frederico Heimler, bispo da Diocese de Cruz Alta - RS.

Entre outros, são alguns sinais de que o Espírito Santo conduz a Igreja, que se expandiu em MS a partir da Diocese centenária, a assumir sua corresponsabilidade na evangelização universal pelos caminhos do Discipulado Missionário.
Parabéns, querida Diocese de Santa Cruz de Corumbá, na pessoa de seu bispo Dom Segismundo Martinez Alvarez, pelo centenário alcançado!

Parabéns pelo espírito de comunhão eclesial universal, na pessoa de Dom Lorenzo Baldisseri, digníssimo Núncio Apostólico e presidente da solene concelebração da Eucaristia; nacional, pa pessoa do Secretário Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa; interdiocesana e diocesana, na pessoa dos bispos das dioceses de MS, dos bispos convidados, dos padres, dos religiosos, das religiosas, dos seminaristas de filosofia e teologia do Seminário Maior Regional com seus formadores, das lideranças pastorais locais, das autoridades constituídas!

Parabéns pelo centenário celebrado com alegre, simpática e envolvente simplicidade, para a glória de Deus Uno e Trino, a salvação e a santificação do povo de Deus, sob a intercessão da Mãe e Padroeira Nossa Senhora da Cancelaria!

* Padre Ubajara Paz de Figueiredo, Coordenador do COMIRE Oeste 1.

Fonte: Revista Missões

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