Brasileiros em Roma celebram Nossa Senhora Aparecida

Arlindo Pereira Dias *

No dia 11 de outubro, uma procissão despertou a curiosidade dos turistas presentes em Roma. Cerca de 600 brasileiros residentes na cidade e membros da Comunidade Brasileira em Roma caminharam com a imagem da padroeira do Brasil da embaixada brasileira na Praça Navona até a Igreja Santa Maria de La Luce, no bairro Trastevere onde participaram da Eucaristia, presidida pelo reitor do Colégio Pio Brasileiro, o jesuíta p. João Roque Rohr.

O brasiliense Hamilton Gomes, 48 anos, cozinheiro, foi um dos responsáveis pelo almoço comunitário que precedeu à missa. Ele reside na Itália há cerca de 10 anos e oito meses. Trabalha como chefe de cozinha em um hotel da cidade. Hamilton aproximou-se da comunidade em 2007, quando ofereceu um almoço especial para as mulheres no dia 7 de março. Daí para frente engajou-se na comunidade, onde conheceu Paula, uma ítalo-brasileira com quem irá se casar nos próximos dias em Cascavel, no Paraná. Hoje ele faz parte do conselho da comunidade e participa da equipe de comunicação. "Quando estamos fora do país, somos como um peixe fora da água. A comunidade é um ponto de encontro!", explica. "Nossa Senhora Aparecida é aquela que nos acompanha como imigrantes em todos os momentos de nossa vida", comenta emocionado.

Irmã Terezinha Arcanjo, da congregação das Filhas de Santana está há nove meses em Roma. Foi chamada para um serviço de assessoria e traduções. Ela aponta como um dos sofrimentos para os imigrantes o choque cultural e a acolhida. Para ela celebrar Nossa Senhora Aparecida em Roma, além de nos colocar em sintonia com o Brasil é "uma oportunidade de trazer de volta a alegria, a simplicidade e espontaneidade que o povo brasileiro vive em suas comunidades nestes dias".

O capelão da Comunidade Brasileira em Roma, o carlista padre Sérgio Durigon define o momento como a maior festa dos brasileiros em Roma e elogia a participação dos leigos e dos religiosos na celebração. Muito atento às necessidades dos imigrantes ele afirma que frente ao drama do "eu não tenho documento" que o imigrante enfrenta, momentos como este significam retorno "à identidade, ao país de origem, à fé". Eles saem, por um momento "da jaula invisível que os deixa presos por dentro", ressalta pare Sérgio.

Na segunda, 12 de outubro, ao redor de 300 pessoas, se reuniram no colégio Pio Brasileiro, para outra celebração junto aos cerca de 120 padres estudantes do colégio. O reitor padre João Roque acolheu o celebrante principal dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, que participa do Sínodo dos Bispos para a África, o em embaixador e representantes da embaixada brasileira junto da Santa Sé e as inúmeras religiosas, religiosos e leigos presentes. Dom Damasceno recordou as milhares de pessoas que se dirigiam a Aparecida e almejou que sobre a proteção da mãe de Jesus "o Brasil caminhe sempre mais a um desenvolvimento integral na defesa da vida e da ecologia".

O padre João Roque lembrou que a capela do Pio Brasileiro é dedicada a Nossa Senhora Aparecida. "A fé católica no Brasil não pode prescindir deste momento histórico simbólico onde uma imagem negra aparece no rio em tempos de escravidão. Enquanto não resolvermos em nosso país o problema do preconceito e da exclusão não teremos cumprido o desejo da Mãe de Jesus de reunir todos os filhos e filhas de Deus debaixo de seu manto. Temos ainda muito a fazer neste campo", conclui ele.

As festividades foram concluídas com uma excelente apresentação musical do conjunto Palha de Milho, do Rio de Janeiro e uma confraternização no Salão de Atos do Colégio, oferecidos pela Embaixada do Brasil junto à Santa Sé.

*Missionário do Verbo Divino.

Fonte: Revista Missões

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