Enel de hoje é a Sabesp de amanhã!

Os paulistas e paulistanos querem saber como será a SABESP privatizada? É só olhar para a ENEL e já sabem como será o futuro.

Por Roberto Malvezzi (Gogó)

Os paulistas e paulistanos querem saber como será a SABESP privatizada? É só olhar para a ENEL e já sabem como será o futuro do abastecimento de água na grande São Paulo e demais cidades abastecidas pela SABESP.

Aproximadamente 300 cidades do mundo privatizaram seus serviços de água e se arrependeram, voltaram atrás e estatizaram os serviços novamente. Entre elas estão Paris, Cochabamba e Indianápolis. As razões são simples, os serviços ficaram piores e muito mais caros. Acontece que água é bem essencial para diversos usos e valores e não há o que possa substitui-la. Então, se já estão escaldados com a ENEL, é bom ir se precavendo contra a SABESP privatizada.

No mundo inteiro a desprivatização dessas empresas é um custo absurdo para os cofres públicos. As empresas do ramo, além de prestarem péssimos serviços, saem bilionárias com essas indenizações. Recebi a informação do Professor Moraes, da UFBA, que a desprivatização dos serviços de água e esgoto na cidade de Berlim, Alemanha, vai custar 1,3 bilhão de euros para os cofres públicos, pagos no prazo de 30 anos. Talvez São Paulo tenha esse dinheiro com mais facilidade. E a SABESP é responsável pela água e esgoto (Saneamento Básico) de 375 municípios do estado de São Paulo.

A privatização dos bens comuns começou com a privatização das terras comunais ainda no século XII na Inglaterra e se acentuou no século XVI através dos “enclosures” (enclausuramento, cercamento) e continua até hoje no Brasil. Agora os bens comuns estão sendo todos privatizados, como o sol e o vento no Nordeste, a água no mundo, todos os minérios, reduzindo drasticamente o acesso da maioria a esses bens fundamentais a todos. O mercado é um mecanismo automático de inclusão e exclusão, isto é, inclui os privilegiados e exclui quem não tem dinheiro para nele entrar, inclusive na água privatizada.

No futuro, quando os problemas se avolumarem, os paulistanos não vão achar o atual governador, o atual prefeito, os atuais deputados, os atuais vereadores que criaram esse problema para dividirem a conta. Como se diz aqui pelo Nordeste, “pau que nasce torto, até a cinza é torta”.

Roberto Malvezzi (Gogó) é agente da Pastoral da Terra.

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