Intenção Missionária Maio

Rezemos a fim de que os responsáveis pelas finanças colaborem com os governos para regulamentar a esfera financeira e proteger os cidadãos de seus perigos.

Por Fred Gori Ogega

A Igreja é sacramento da Salvação do mundo; essa é a afirmação da Lumen Gentium, o documento do Vaticano II. Essa verdade sobre a Igreja pressupõe que ela é encarregada por Jesus da missão de continuar a construção do Reino, o Reino que parte do grito dos pequenos, os vulneráveis. Como sacramento da Salvação, a Igreja tem como missão o cuidado do ser humano como um todo, a sua parte espiritual e corporal, por esta razão nunca deixou de se preocupar com a parte social de todos os povos do mundo sem exceção. A Igreja sempre apoiou o progresso para o bem-estar do ser humano, mas todo progresso e desenvolvimento deve realmente servir para melhorar as condições humanas e sua dignidade. A imagem do ser humano deve ser preservada, o desenvolvimento não pode se desvincular da preocupação da promoção humana e do bem comum do povo.

É fato inegável que o progresso econômico é a parte que traz mais preocupação, por isso, na encíclica Rerum Novarum de 1891 o papa Leão XIII diante das mudanças que aconteceram depois da Revolução Industrial, sentiu a necessidade de levantar a voz e falar pelos operários que se encontravam em situação de miséria por causa da alteração das relações entre os operários e os seus patrões. A riqueza se tornava cada vez mais concentrada nas mãos de poucos, enquanto a maioria se afundava na extrema pobreza. Com a mesma tonalidade, o papa Paulo VI em 1967 escreveu a encíclica Popularum Progressio, mostrando a preocupação da Igreja perante a falsa aspiração humana de querer possuir mais, o desejo que acaba criando sistemas econômicos que invés de trabalhar para melhorar as condições humanas para todos, estabelecem classes sociais onde um pequeno grupo possui toda riqueza e a maioria da população continua na miséria.

O que está no coração da Igreja em relação à preocupação com o progresso econômico é a verdade de que o mundo com todos os bens que nele se encontram é dom gratuito de Deus para toda humanidade, sem exceção de classe social, cor, raça nem nação, tudo é dado gratuitamente ao ser humano para ajudá-lo a viver bem e ter vida em abundância. O papa Francisco chama o nosso mundo de Casa Comum, com certeza dentro de uma casa o princípio é que a vida está no primeiro plano, neste sentido, o mundo como Casa pressupõe que todos trabalhem para o bem de todos. Nessa pressuposição, os responsáveis pela organização de políticas públicas devem ser conscientes de que todo planejamento deve visar o estabelecimento de condições melhores para todos, com sistemas econômicos humanizantes. O papa Francisco afirma que o mundo e todos os economistas devem trabalhar para humanizar a economia, elaborar sistemas econômicos justos que zelam pela vida, principalmente dos mais pobres. No Brasil tem-se observado um espírito desumano entre os governantes que só se preocupam com o crescimento econômico sem nenhum comprometimento com a vida. É o caso da invasão nas áreas indígenas com projetos de mineração e hidroelétricas que prejudicam a sobrevivência dos povos que dependem unicamente da natureza, mas também neste tempo da pandemia tem-se observado a tensão entre os economistas e os cientistas da área de saúde, enquanto os médicos insistem no cuidado de vida em primeiro lugar, os economistas se preocupam com o crescimento da economia e de certa forma desejam descumprir as medidas colocadas pelas autoridades de saúde. A vida é o dom de Deus, ela deve ser cuidada em primeiro lugar, todos os cristãos são chamados como Igreja a colaborar com todos que se preocupam com a vida e denunciar os que a prejudicam, essa é missão de cada discípulo de Cristo. O Reino de Deus é Reino de valores humanos, o Reino de vida. Todos os bens materiais são destinados a serviço da vida humana e à vida do planeta como um todo. Rezemos para que todos os governantes sejam zeladores da vida, que o mundo não seja dominado pela ganância e egoísmo, mas sim pelo desejo de fazer com que todos tenham vida, esse é o desejo de Deus que envia os seu Filho para que todos a tenham em abundância.

* Fred Gori Ogega, imc, é professo em São Paulo, SP.

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