Aceite o convite de Deus!

Padre John Kapule Okula é missionário da Consolata queniano. Foi ordenado sacerdote em 4 de setembro de 2010 e logo em seguida foi trabalhar na Coreia do Sul. Voltou ao Brasil há seis anos e agora vai de férias para o Quênia e depois seu destino é a África do Sul. No Brasil, trabalhou na Animação Missionária Vocacional (AMV). Em entrevista exclusiva à revista Missões, contou sobre sua experiência missionária no Brasil.

Por Paulo Mzé *

Agradeço a Deus e à revista Missões por ter me dado a oportunidade de partilhar minha experiência missionária no Brasil. Minha jornada vocacional começou na minha família. Nasci numa família cristã católica, praticante, sobretudo por parte da minha mãe. Ela sempre me convidava para participar da missa todas as manhãs. Ali adquiri gosto e amor pelas coisas de Deus, pelas coisas da Igreja. Com o tempo me tornei coroinha, servia a Deus na Igreja. Durante meu tempo de coroinha, observava que meu pároco era estrangeiro e idoso. Vendo esse padre no altar, e eu via o empenho dele, estrangeiro e idoso, duas perguntas vinham na minha cabeça: esse padre está aqui se doando, se entregando, servindo o meu povo. Quem estará na terra dele, fazendo a mesma coisa? A resposta no meu coração: deveria ser EU. A segunda pergunta, esse padre é idoso, amanha não vai ter essa força de continuar. Quem vai dar continuidade a esse trabalho missionário? A resposta sempre foi: EU. Comecei a rezar e esperar a resposta de Deus. Através da minha leitura, encontrei a revista THE SEED, (A Semente), que falava sobre os missionários da Consolata, e do carisma Ad Gentes. Esse carisma me encantou, e eu me identifiquei. Eu pensei que gostaria de ser missionário da Consolata. Fiz o propedêutico e vim para o Brasil para fazer os estudos teológicos.

Sua atividade no Brasil foi mais na AMV. Foi coordenador desta pastoral na Bahia, fale das alegrias desse trabalho e da missão no Brasil como um todo.

Quando voltei da Coreia do Sul, me deram essa responsabilidade de colaborar nessa missão de trabalhar como animador e fui para Jaguarari (BA). Chegando lá, o trabalho da animação foi de “caçar vocações”, uma coisa muito desafiante para mim nos primeiros momentos. Fiz um projeto, uma programação junto com a equipe para que Deus abrisse o meu coração para prestar esse serviço. Trabalhando com os jovens, nos sentamos para fazer essa programação conjunta. E criamos um grupo: os Jovens Missionários da Consolata. Realizamos alguns eventos. Trabalhávamos as três paróquias: Monte Santo, Feira de Santana e Jaguarari. Como coordenador desses grupos, tivemos sempre os encontros, como a Páscoa Jovem, onde os jovens se reuniam para contemplar os mistérios pascais. Os jovens das três paróquias se reuniam para fazermos um trabalho nas paróquias. Fizemos retiros missionários, festivais. Sempre houve desafios, os jovens de hoje tem uma linha diferente. Tentei sempre animar os jovens para abraçar essa vocação missionária. Infelizmente, durante esses anos, não consegui nenhum jovem que entrasse para a família Consolata, mas me alegro porque tentei colocar no coração deles o espírito missionário. Para que entendam que Deus chama todos para a Missão.

O missionário nunca se despede. Vamos enviá-lo para a nova Missão. Qual a expectativa que leva para a África do Sul?

Vou de férias para casa, depois vou para a África do Sul. Mesmo sendo África, é uma realidade diferente.  Estou à disposição, e o que realizei no Brasil, levo como experiência. A expectativa é realizar bem a Missão, o carisma Ad Gentes. Tenho ânimo de trabalhar com a juventude na animação missionária. A expectativa é que onde eu for na África do Sul, abrindo o coração, possa abraçar essa missão, aprender sobre a realidade missionária naquele lugar.

Para concluir, qual a mensagem que deixa para as pessoas, amigos, missionários, leigos que queiram fazer uma experiência missionária?

Para mim isso é fundamental. Pelo nosso batismo, somos todos missionários. Anunciar o Evangelho é trabalho de todos os batizados. Você irmão, leigo, leiga, deixe-se tocar pela palavra de Deus e abrace essa vocação missionária. Para o Evangelho chegar a todos, Deus conta com você. Esta é a mensagem. Coloque-se à disposição. Deus te chama, e você tem algo a contribuir. Como me chamou, chama você também. Sobretudo, você jovem, escute a voz de Deus! Ele quer que você faça parte desta Missão. Abrindo seu coração, escutando essa voz, como aconteceu comigo, diga: eu quero ser missionário da Consolata. Esta é minha oração. Aceite este convite que vem de Deus!.

* Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.