Na Venezuela, os missionários da Consolata vivem com o povo Warao na cidade de Tucupita e em Nabasanuka, no estado do Delta Amacuro, desde 2006, onde desenvolvem a Pastoral Indígena e acompanham com preocupação esse movimento migratório que a partir de 2016 vem se intensificando.
Por Jaime C. Patias
O movimento migratório dos indígenas Warao, etnia originária da região do Delta Amacuro na Venezuela, entra no Brasil pelo estado de Roraima e segue para o Amazonas, Pará e Maranhão. Podemos encontrá-los em cidades como Pacaraima, Boa Vista, Manaus, Belém, Santarém e São Luís, vivendo com muita precariedade em abrigos, casas e até mesmo na rua ou praças. Visitamos uma dessas casas na Avenida Tarumã em Manaus onde se encontram no momento 93 indígenas, muitas crianças. A casa providenciada pela Prefeitura e o Estado com o apoio da Caritas e a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), já hospedou 180 pessoas. Ainda em Manaus, em outro abrigo na rua Alfredo Nascimento, se encontram mais 400 Warao. O movimento de entrada e saída é uma constante nos abrigos de imigrantes venezuelanos que não param de chegar. Segundo estatísticas mais de 4 milhões já deixaram o país do regime de Maduro em busca de melhores condições.
![Migrantes Warao2](http://www.revistamissoes.org.br/wp-content/uploads/Migrantes-Warao2-1024x488.jpeg)
Padre Claudio Cobalchini, imc com indígena warao.
Antes de chegar em Manaus, estive por 15 dias na Venezuela. Lá, um empasse gerado pelo equilíbrio de forças entre oposição e governo com interferência de potências externas parece ter anulado qualquer avanço na busca de uma saída para a crise. O líder da oposição, Juan Guaidó, não consegue entregar o que prometeu e o presidente Maduro controla todos os espaços de poder. Em dezembro Guaidó termina seu mandato. Se nada mudar será a terceira tentativa frustrada da oposição.
Janaina Paiva, uma das coordenadoras da Caritas em Manaus, explica que em 2018 atenderam mais de 8 mil venezuelanos. A Arquidiocese de Manaus, por meio das pastorais sociais coordenada por padres e congregações religiosas, auxiliam na obtenção de documentos, alojamento, alimentação e assistência social. Mas a escassez de emprego torna difícil a inserção de todos na sociedade.
No caso dos indígenas, a casa é coordenada por caciques que procuram manter o mínimo de ordem para uma boa convivência entre as famílias que ocupam peças e o pátio esterno. A comida que recebem é partilhada e durante o dia os adultos e jovens saem pelas ruas em busca de mais apoio. Quando dispõem de materiais confeccionam seus artesanatos para vender e ajudar na subsistência. Segundo o cacique, um bom número de crianças está matriculada na escola e um Posto de Saúde do bairro dá assistência ao grupo. Mas a falta de condições de higiene na casa tem gerado problemas de saúde como diarreia e vermes principalmente nas crianças.
Já em Roraima, existem outros três abrigos destinados aos indígenas Warao e também para outras etnias: um deles em Pacaraima próximo à fronteira e os outros dois em Boa Vista no bairro Pintolândia e no espaço Ka Ubanoko (dormitório comum), antigo complexo esportivo abandonado.
Na Venezuela, os missionários da Consolata vivem com o povo Warao na cidade de Tucupita e em Nabasanuka, no estado do Delta Amacuro, desde 2006, onde desenvolvem a Pastoral Indígena e acompanham com preocupação esse movimento migratório que a partir de 2016 vem se intensificando.