Missionária da Consolata será beatificada amanhã, dia 23 de maio

Ir. Melania Lessa

Um acontecimento extraordinário para a África e para toda a Igreja. No Ano da Vida Consagrada, a missionária da Consolata, Irene Stefani será proclamada Bem-aventurada em Nyeri, Quênia neste sábado, 23 de maio. Mercedes, seu nome de batismo, nasceu no dia 22 de agosto de 1891 em Anfo, província de Brescia, Itália.

Filha de Giovanni Stefani e Annunziata Massari, era a quinta dos 12 filhos desta família abençoada que fazia da fé o chão da vida. Jovem inteligente e bela, demonstrou desde cedo uma grande sensibilidade humana para com os pobres e sofredores. Já aos 13 anos comunicou aos pais o seu desejo de ser missionária, mas só realizou o seu sonho aos 20 anos quando se apresentou ao Bem-aventurado José Allamano, fundador da Família Consolata, que a recebeu como um presente de Nossa Senhora. Era o dia 19 de junho de 1911, véspera da festa de Nossa Senhora Consolata.

No dia 12 de janeiro de 1912, ao entrar no noviciado, recebeu do Fundador o nome de Irene que significa paz. Dois anos depois, em 29 de janeiro de 1914, consagrou-se ao Senhor, assumindo como projeto de vida a essência da vocação missionária: "Amarei a caridade mais do que a mim mesma". No final do mesmo ano partiu para o Quênia, bem no início da evangelização daquele país.

Seus primeiros seis anos de vida missionária foram entre os "carriers", africanos alistados como carregadores de material bélico para ingleses e alemães durante a primeira Guerra mundial, na Tanzânia. Sensibilizados por estes irmãos, vítimas de doenças, fome e trabalho forçado, amontoados aos milhares, sem nenhum critério, em grandes galpões, os missionários e missionárias da Consolata deixaram os centros missionários para servi-los como enfermeiros da Cruz Vermelha. Neste verdadeiro "inferno social", Irmã Irene destacou-se pela delicadeza e dedicação. Um dos oficiais ingleses chegou a afirmar: "Esta irmã não é uma mulher, mas um anjo de paz". Aprendendo várias línguas, falava de Jesus e do céu, batizando, neste período, cerca 3.000 jovens em perigo de morte.

Viveu a segunda etapa, de 1920 a 1930, em Ghekondi, entre o seu amado povo agikuyu, diretamente envolvida como professora, enfermeira, catequista, acompanhante das jovens missionárias que chegavam ao Quênia, secretária dos pobres, assistente social... Apaixonada por Jesus Cristo, Irmã. Irene desejava que todos o conhecessem e amassem. Seu coração generoso não conhecia limite. Caminhando velozmente, pelas florestas e colinas, sempre com o terço na mão, a qualquer hora, sem medir distâncias, socorria quem quer que fosse. Escutava, encorajava, acompanhava com gentileza os jovens, as mães, os catequistas... E o fazia com tal amor e compaixão que o povo deu-lhe o nome de "Nyaatha", ou seja, "a mãe misericordiosa".

No dia 31 de outubro de 1930, com apenas 39 anos, Irmã Irene deixou esta terra, mas não sua missão. O povo agikuyu nunca se esqueceu daquela que "tinha a coragem de Deus", que era "alegre, serena, gentil, a "mãe de todos... toda caridade", daquela que "comovia-se até às lágrimas diante das nossas dores", que nos "ensinava a rezar e a sentir o gosto de Deus", que "iria ao fim do mundo para falar de Deus a todos, com espontaneidade, como se fosse o seu respiro".

Muitas foram as graças alcançadas por sua intercessão, não só no Quênia, mas nos lugares onde ela passou fazendo o bem. O milagre da multiplicação da água e da proteção extraordinária a cerca de 260 pessoas em Nipepe, diocese de Lichinga, Niassa, em Moçambique, em janeiro de 1989, relevou sua materna solicitude e ratificou sua santidade. Toda a Igreja, no Ano Nacional da Paz, no Ano da Misericórdia, no Ano dedicado à Vida Consagrada, pode invocá-la: Bem aventurada Irene Stefani, Rogai por nós!

Amanha, dia 23 de maio, às 16h30 na igreja matriz de Sant'Ana, no bairro Santana, cidade de São Paulo (SP) haverá uma missa em ação de graças pela Beatificação de Irmã Irene Stefani,

Fonte: Revista Missões

Deixe uma resposta

4 × quatro =