Caminhada em Brasília nesta quarta pede fim da corrupção

Rosinha Martins

A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas realiza na manhã desta quarta (20) na Esplanada dos Ministérios uma caminhada que iniciará com a concentração às 9h, em frente a Catedral de Brasília e seguirá até a Câmara dos Deputados.

O objetivo é manifestar repúdio ao resultado do relatório final da Comissão Especial da Câmara dos Deputados para a Reforma Política, apresentado pelo relator deputado Marcelo Castro no último dia 14.

O relatório constitucionaliza o financiamento empresarial das campanhas eleitorais e cria o chamado "distritão", sistema majoritário que substitui o atual sistema proporcional de votos, através do qual vereadores, deputados estaduais e deputados federais podem ser eleitos pela soma dos votos recebidos pelo partido ou coligação. Com o ‘distritão', só serão eleitos os candidatos mais bem votados em cada estado.

Coalização
A proposta da Coalizão prevê o fim da corrupção que tem como uma das causas mais relevantes o financiamento de campanhas por empresas. Defende, ainda, eleições proporcionais em dois turnos, paridade de gênero na lista pré-ordenada, fortalecimento dos mecanismos da democracia direta com a participação da sociedade em decisões nacionais importantes.

O parecer da Igreja
Coordenador da Comissão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas pela CNBB e bispo auxiliar de Belo Horizonte, dom Joaquim Mol considera que a maior causa da adulteração política no Brasil é o financiamento concedido pelas empresas. "O financiamento das campanhas eleitorais por empresas é uma das principais origens da corrupção no Brasil".

Em entrevista exclusiva à CRB Nacional, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, falou sobre o resultado do relatório apresentado na Câmara pelo deputado Marcelo Castro e o denominou como uma decepção e, ao mesmo tempo, uma provocação para que a Igreja e a sociedade continuem a caminhar a passos firmes na busca por uma sociedade mais justa e uma política nacional sem corrupção, fundamentada na ética.

"Decepção, porque o diálogo estabelecido com diversos seguimentos da sociedade e com o próprio relator, deputado Marcelo Castro, convergia para uma proposta digna. Continuar com a doação das empresas nas campanhas é dar continuidade à corrupção nas campanhas políticas e no exercício do mandato político. Ao menos nesse ponto, havia a esperança de que o relator fosse coerente com o pensamento dele próprio", afirmou.

Dom Leonardo disse, ainda, que um resultado como esse revela que o Congresso Nacional não sabe escutar o povo e isso é causa de preocupação. "Se o Congresso Nacional não sabe escutar a sociedade, isso é grave. Não tem razão de ser um Congresso cujos membros e partidos pensam apenas em si mesmos. Agora, cabe à sociedade brasileira, a todas as pessoas que realmente desejam uma Reforma Política condizente, continuar a se manifestar, continuar com a coleta de assinaturas. Esta proposta que está sendo apresentada pelo relator não é digna do Brasil".

Fonte: www.pom.org.br

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