Médico avalia cenário de doação de sangue no Brasil

A doação de sangue é mais necessária nos grandes centros, todavia, é onde o número de doadores é menor.

Por André Cunha

O Brasil tem atualmente 69 hemocentros segundo dados da Fundação Pró-sangue de São Paulo. A maior parte está concentrada no próprio estado (35 unidades) e no Rio Grande do Sul (9 unidades). Os demais estados têm apenas um hemocentro cada.

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Médico da Fundação Pró-sangue de São Paulo, Dr. Cássio Gianinni. (Foto: Pró-Sangue SP)

De acordo com o médico da Fundação Pró-sangue de São Paulo, Dr. Cássio Gianinni, a situação dos hemocentros do país ainda não é a ideal, considerando a demanda de sangue exigida.

Ele explica que em determinados períodos do ano é preciso “correr atrás de doadores”. Épocas como final de ano, férias, inverno, carnaval são os principais períodos de baixa doação, considerados críticos por falta de doadores e por alta na necessidade de sangue.

“Não estamos numa situação crítica que falte sangue. Nós tentamos garantir os estoques. Mesmo assim, corremos o risco de suspender uma ou outra cirurgia por falta de sangue”, explicou.

Segundo ele, a doação é mais necessária nos grandes centros, todavia, é onde o número de doadores é menor.

“As maiores cidades são as que mais têm dificuldade de doar sangue porque as pessoas não veem a relação delas com as outras como uma relação de dependência. Elas geralmente não conhecem os vizinhos, com quem convivem ou moram. No interior, quando a relação entre as pessoas é mais próxima, elas se sentem responsáveis pela sua comunidade”, disse.

Quem precisa de sangue?
Ao contrário do que muitos pensam, não é só que perde sangue num acidente, por exemplo, que necessita de doação. Pacientes com câncer também podem precisar de sangue, ou em tratamentos clínicos, quando a pessoa fica debilitada e precisa de um ou mais componentes do sangue, como hemácias, quando ela tem anemia, ou estão numa fase imunosuprimida, com baixa de plaquetas.

“A quimioterapia também leva a pessoa a uma anemia mais severa ou uma baixa do número de plaquetas e que precisa, em determinado período, dessa suplementação do sangue”.

Para o médico, o gesto de doar sangue é muito importante para a sociedade porque reforça a necessidade que temos uns dos outros, não só no sangue mas em várias questões. “Isso mostra para nós como podemos ter uma ação importante com o próximo que é a doação de sangue. Isso causa nas pessoas que doam um bem estar muito grande de se sentir parte da cura de outra pessoa”.

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Relato: “Desde então sou doador”

Essa foi a experiência que o enfermeiro Heráclito Júnior, 34 anos, fez quando doou sangue pela primeira vez em 2004, diante da necessidade de um amigo que se acidentou.

“Comecei a doar a pedido de um amigo. O irmão dele sofreu um acidente e pediu que quem pudesse, fosse doar sangue pra ele. Gostei, achei uma ideia interessante, um ato social bonito, um gesto simples que você não gasta mais que 30 minutos e que pode salvar não só uma vida, mas várias. Desde então sou doador; sempre que eu posso, faço a minha parte”, disse.

E completou: “A gente sempre se coloca no lugar do outro, sempre pensando como seria se fosse um familiar meu, ou mesmo eu, precisando de uma doação de sangue. Parece difícil, mas é um ato simples e rápido. Agrega valores e mostra como um simples gesto tem grande repercussão”.

Júnior considera rápido o ato da doação em si, mas critica o processo de triagem que, segundo ele, é demorado. Por isso, sugere que as unidades de coleta facilitem o processo aos doadores.

Apesar da demora inicial, o jovem não deixa de indicar o gesto de solidariedade a outras pessoas. “Eu aconselho. Posso dizer que só agrega valores e passamos a ser pessoas melhores. Você entende a necessidade do outro. Às vezes, você quer ajudar mas não sabe como. Então vá doar sangue, e você vai ver como é uma experiência muito interessante”.

Fonte: Canção Nova

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