Intenção Missionária: julho e agosto

Joseph Onyango Oiye *

Julho: Para que, diante das desigualdades sociais, os cristãos da América Latina deem testemunho do amor pelos pobres e contribuam para uma sociedade mais fraterna.

Agosto: Para que, saindo de nós mesmos, saibamos fazer-nos próximos daqueles que se encontram nas periferias das relações humanas e sociais.

A desigualdade de renda na América Latina, apesar dos avanços na última década em alguns países, continua entre as mais altas do mundo. Apesar de algumas melhoras, a região não consegue deixar de liderar os rankings de pobreza e disparidade de renda entre os países em desenvolvimento. Alguns estudos assinalam que os avanços, realmente, foram menos espetaculares do que podiam parecer à primeira vista e que a pobreza ainda persiste como um fenômeno estrutural que caracteriza a sociedade latino-americana.

Devemos nos lembrar que nos países onde a desigualdade social é elevada, também se registram índices igualmente elevados de outros fatores negativos, tais como: violência e criminalidade, desemprego, desigualdade racial, guerras, educação precária, falta de acesso a serviços públicos de qualidade, diferenciação de tratamento entre ricos e pobres, entre outros.

É através dessa realidade que o papa nos convida, como cristãos, a sermos diferentes pelo nosso jeito de ser e agir. Sabendo o que a desigualdade social é capaz de criar, os cristãos devem dar o exemplo de uma sociedade justa. Além das nossas diferenças sociais, podemos amar um ao outro e dar testemunho de que a classe social não deve ser motivo de segregação.

Os relatos evangélicos põem, com frequência, Jesus em contato com gente reprovável, com aqueles apontados pela sociedade como os cobradores de impostos e também com as mulheres de má vida. Não há dúvida de que Jesus "deu-se" com gente duvidosa, com pessoas a quem os "justos" preferiam evitar, com pessoas que eram anatematizadas e marginalizadas por causa dos seus comportamentos escandalosos, atentatórios da moral pública.

Nessa perspectiva, Jesus é o amor de Deus que se faz pessoa e que vem ao encontro de todas elas, para libertá-las da sua miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova que é o projeto do "Reino". Portanto, através dessa intenção, devemos nos perguntar: as nossas comunidades são espaços de acolhimento e de hospitalidade, são um oásis do amor de Deus, não só para parentes e amigos, mas também para os pobres, os marginalizados, os sofredores, que buscam em nós um sinal de amor, de ternura e de esperança?

* Joseph Onyango Oiye, imc, é seminarista queniano em Brasília, DF.

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