Milagre de Nipepe, em Moçambique, leva à beatificação Irmã Irene Stefani

Diamantino Guapo Antunes

No passado dia 12 de junho,a Santa Sé promulgou o decreto de beatificação da Irmã Irene Stefani, missionária da Consolata. O papa Francisco aprovou o milagre da multiplicação da água da pia batismal da igreja da Missão de Nipepe, no norte de Moçambique, atribuído à intercessão da Irmã Irene Stefani, entre 10 a 13 de janeiro de 1989.

Em 1988 aquele país africano estava em plena guerra civil. Na Missão de São João de Brito de Nipepe, fundada em 1967, pelo padre Mário Filippi Farmar, missionário da Consolata, um centro catequético acolhia 50 famílias de catequistas de diferentes missões do Niassa. Um centro naquele lugar e naquelas circunstâncias, era um desafio à bondade de Deus.

Durante a formação dos catequistas, os padres Franco Gioda e Giuseppe Frizzi, juntamente com as missionárias da Consolata de Maúa invocavam a figura e obra da Irmã Irene, falecida com fama de santidade no Quênia, em 31 de outubro de 1930. O processo para a causa da beatificação e canonização da religiosa tinha sido iniciado em 1984. No dia 10 de janeiro de 1989, a vila de Nipepe foi atacada pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) que fazia oposição ao governo.
O padre Giuseppe Frizzi, diretor do Centro Catequético, encontrava-se lá com as famílias de catequistas. Estava celebrando a missa quando se deu o ataque. Os guerrilheiros, depois de pilharem a Missão e as casas dos catequistas, obrigaram o missionário a escolher um grupo de homens para carregarem os bens roubados e acompanha-los até à sua base. Padre Frizzi, negou proceder a tal escolha e evitou a todo o custo que alguém fosse levado com eles.

Segundo a tradição Macua, sentou-se no chão, como sinal de recusa. Seguiu-se um longo impasse. O missionário negava-se a deixar partir a sua gente e os guerrilheiros não queriam voltar sozinhos. Entretanto, as famílias estavam trancadas na igreja. Com o passar das horas, a fome, mas sobretudo a sede começaram a atormentar as pessoas que estavam sequestradas na igreja. As crianças choravam com sede. Algumas mães deram-lhes de beber a água benta que estava na pia batismal, pois nesse dia houvera celebração de batismos. Outros seguiram o exemplo. Porém, o reservatório, escavado num tronco de árvore, com inúmeras fissuras e com capacidade não superior a seis litros de água, era insuficiente para dar de beber a tanta gente. Foi então que os refugiados se lembraram de pedir a intercessão da irmã Irene, de quem tinham ouvido já falar e aprendido a invocar em momentos de aflição. E, sem haver uma "explicação natural e plausível», - como concluíram os especialistas consultados durante o processo -, a água deu para matar a sede a todos, para os refrescar e até para lavar uma recém-nascida.

"Era a mãe Irene a fazer o milagre, ela ouviu-nos e ajudou, fomos salvos pela sua intercessão", afirmaram, com convicção, as testemunhas ouvidas durante as investigações. Consultados os peritos, médicos e teólogos da Congregação para as Causas dos Santos, concluiu-se que "aconteceu algo de extraordinário ou sobrenatural", o que deu por finalizada a fase do julgamento da causa e abriu caminho à beatificação, cujo postulador é o padre Gottardo Pasqualetti.
Por fim, à força, os guerrilheiros acabaram por partir levando consigo um grupo de catequistas como carregadores até á base. Todos acabaram por fugir alguns dias depois e regressar a Nipepe são e salvos. Milagre grande, também este.

No ano dedicado ao Fundador, o Bem-aventurado José Allamano, os missionários e missionárias da Consolata receberam uma grande dádiva.

Fonte: www.consolata.org

Deixe uma resposta

um × três =