A metodologia missionária de José Allamano desde o Continente americano

Mário de Carli

A programação da Assembleia Continental dos missionários da Consolata, que acontece desde o dia 2, em Bogotá - Colômbia, recebeu na manhã desta quinta, dia 6, dom Francisco Javier Múnera, IMC, bispo do Vicariato Apostólico de São Vicente de Caguán (Caquetá), para refletir sobre a metodologia missionária de José Allamano desde o Continente da América.

Inspirado na parábola do Semeador (Mc 4,1-9), o bispo destacou a importância da Palavra de Deus. "É sempre bom contemplar a tarefa do Semeador, pois ele é paciente e persistente. O semeador respeita a liberdade humana e não discrimina terreno nenhum, semeando-a em todos os lugares", disse dom Francisco e questionou: "Bento XVI afirmou que José Allamano foi um ‘indicador de caminho', mas nós, missionários da Consolata, que terreno somos e o que temos em comum com Allamano?"

Metodologia missionária
Licenciado em missiologia pela Universidade Gregoriana em Roma, Múnera já trabalhou no Quênia, África. De volta à Colômbia, trabalhou na formação e na direção do IMC como vice-superior Regional, quando em 1999, foi nomeado bispo. Na sua exposição, levou a Assembleia a refletir sobre a metodologia missionária de Allamano que, segundo ele, deve contagiar os missionários pela sua santidade e pelo seu espírito. "Refletir sobre as práticas missionárias do IMC no Continente é olhar a pessoa do Allamano que tinha o coração preocupado em todos os sentidos. Em 1904, ele escreve aos missionários que estavam no Quênia, falando-lhes da importância de viver unidos, bem como de cuidar com esmero da horta presente em todos os lugares da missão", recordou. "Conselhos como o de estar atentos aos tempos da semeadura, dos transplantes, de arrancar o inço, de regar, defender a horta contra as pragas e inimigos, de usar os fungicidas e de lutar contra todas as causas que podem destruir as plantas, revela que sabia das coisas do mundo rural", relatou para dizer que Allamano, também "era semeador e cultivador".

Na sequência, dom Francisco indagou: "como aprender a ser semeadores pacientes muito além dos que estão somente preocupados com a colheita?". Para o bispo, a preocupação que Allamano tinha com os cuidados da horta, era para assinalar que os missionários deveriam ter uma metodologia e um estilo de vida, que fosse ao encontro das pessoas e de suas necessidades.

Dom Francisco apontou ainda as linhas gerais do ensinamento de José Allamano, como ser perseverante na vocação, dar importância à vida interior, o silêncio, o estudo, a formação permanente, o estudo das línguas e das culturas locais, a revisão permanente de vida, a elaboração do diário e a austeridade no uso dos bens e do dinheiro.

A caridade pastoral, que foi marcante na vida de Allamano, era visível na boa relação que os missionários deviam ter para com as pessoas. "Esta deveria se concretizar na mansidão, longanimidade e paciência, atitudes fundamentais para que os missionários exerçam bem a sua missão", argumentou.

Características missionárias
Para Allamano os missionários deveriam caminhar com os povos em seus costumes antes de fazê-los cristãos. "Antes de anunciar uma religião e as promessas na outra vida, que se preocupem para torná-los mais felizes; antes de pensar que sabem tudo, desenvolvam uma relação de amor, de afeto, de apreço e de amizade. A mensagem do Evangelho chega através do coração pela perseverança e pela concórdia mútua entre os missionários".

Nesta perspectiva, segundo dom Francisco, é fundamental que os missionários da Consolata olhem o seu passado como fonte de renovação. Este olhar retrospectivo é como uma fonte iluminadora para os dias atuais. "Os missionários procuraram vencer os desafios da missão não se deixando levar pela pressa de fazê-los cristãos, mas antes homens; não se preocupavam em batizá-los imediatamente, mas esperavam com paciência até chegar à conversão; não foram levados pelo imediatismo, mas buscaram ações possíveis juntos; não se levaram pelas estatísticas, mas por qualificar os multiplicadores da evangelização; não deram ouvidos a todas as críticas, mas avançaram com determinação; não fizeram ações isoladas, mas trabalharam na unidade de intentos; não se deixaram levar pelo desanimo dos poucos frutos, mas foram pacientes e perseverantes; não tiveram saudade de onde tinham partido, mas se apegaram à nova pátria; não se impuseram a si mesmos, mas com humildade, respeitaram os valores dos povos", sublinhou o bispo.

Desafios
A título de conclusão, dom Francisco deixou alguns desafios e implicações missionárias para que a metodologia de José Allamano alcance seus objetivos. "Que a Evangelização seja de conversão e transformação de todo um povo e não simplesmente de indivíduos isolados. Que a evangelização siga seus processos e mudanças naturais, pois exige tempo e paciência. É preciso continuar a semear, antes de se preocupar por recolher os frutos".

Allamano queria e desejava estar sempre informado daquilo que acontecia na missão. "Seu desejo era o de ajudar, esclarecer e formar melhor os seus missionários. Alegrava-se com o crescimento deles e com a adesão das pessoas à mensagem do Evangelho", finalizou.

Leia também:

Superior Geral desafia os missionários da Consolata para a mudança

Diácono ugandês reflete sobre “Espírito de Família” como característica do missionário

Espiritualidade e realidade inspiram Projeto Missionário Continental

Missionários da Consolata reunidos em Assembleia Continental

Fonte: Revista Missões

Deixe uma resposta

13 − treze =