Morte e funeral do padre Valentim Eduardo Camale, imc

Diamantino Guapo Antunes

Na noite do dia 3 de maio, o padre Valentim Eduardo Camale, missionário da Consolata e vigário paroquial da paróquia de Liqueleva, nos arredores de Maputo, Moçambique, partiu de junto de nós, de forma violenta e inesperada.

Uma quadrilha de ladrões introduziu-se furtivamente na paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus de Liqueleva, e entrou na residência dos padres. Corajoso, o padre Valentim enfrentou e ofereceu resistência aos ladrões que entraram na residência paroquial para roubar. O missionário foi violentamente atingido na cabeça causando grande derramamento de sangue e um traumatismo craniano. Noutro local da residência dois sacerdotes estavam reféns de outros membros da quadrilha, impotentes para socorrer o seu confrade. Assim que os ladrões e assassinos abandonaram o local, o padre Fábio Malessa, acorreu para socorrer o padre Valentim, que encontrou numa poça de sangue. Conduziu-o imediatamente ao hospital, onde porém, já chegou sem vida.

Na tarde do dia 7 de maio, na Paróquia de Liqueleva foi celebrada a Eucaristia de corpo presente, sob a presidência do arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio e concelebrada por 80 sacerdotes. A Eucaristia foi celebrada no salão paroquial que foi pequeno para conter a grande assembleia de fiéis que acorreu à cerimónia. Foram muitas as centenas de pessoas das comunidades das paróquias de Liqueleva e Liberdade que quiseram vir dar a última saudação ao falecido padre Valentim e irmanar-se com a Consolata e a Igreja local num silencioso grito de revolta pelo trágico acontecimento e pela onda de violência e insegurança que se tem sentido. O choque e a consternação eram visíveis nos rostos de todos.

No final da Missa foram lidas as mensagens de recordação e homenagem da família, dos naturais e amigos de Cabo Delgado, província de onde era originário o padre Valentim, dos jovens e dos acólitos, dos conselhos paroquiais das paróquias de Liqueleva e Liberdade e por fim dos Missionários da Consolata.

Concluída a liturgia, o féretro seguiu para Pemba, no norte de Moçambique, em cujo cemitério o corpo do padre Valentim foi sepultado.

O Padre Valentim Camale, de 48 anos, moçambicano, era natural de Montepuez, Cabo Delgado. Tinha 12 anos de sacerdócio, alguns deles vividos em Moçambique, nas Missões de Mecanhelas e Maúa (Niassa), Costa do Marfim e Portugal. Regressou a Moçambique em 2010. Trabalhava presentemente na Paróquia de Liqueleva, Arquidiocese de Maputo.

A sua morte criou uma grande onda de solidariedade e condenação à vaga de assaltos a residências paroquiais e religiosas que se assiste um pouco por todo o lado, sobretudo na cidade de Maputo. Na manhã do dia 7 de maio a Confederação dos Institutos de Religiosos e Religiosas presentes em Moçambique (CIRM-CONFEREMO) deu uma coletiva de imprensa para denunciar o clima de insegurança que se vive no país e reclamar medidas urgentes de proteção. «Queremos chamar a atenção do poder público, que tem o dever constitucional de promover a segurança do seu povo, e também de toda a sociedade, para que tomem atitudes pró-ativas no que se refere à sua segurança pessoal e dos seus, e no rompimento do ciclo de violência», apelou o padre Ederaldo Oliveira, secretário-geral da Conferência dos Institutos Religiosos.

www.centroguiua.com

www.paroquiadoguiua.blogspot.com

Fonte: Revista Missões

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