Testemunhar a ressurreição

José Alberto Moura *

A fé esclarecida leva a pessoa a seguir a Cristo por Ele mesmo, superando a busca da religião por puro interesse de solução de problemas materiais, psicológicos, familiares, eclesiais e sociais. O fundamento da fé se dá na ressurreição do Filho de Deus. Testemunhar a ressurreição se torna nossa missão primeira. "Nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus... Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia" (Atos 10, 39-40).

A celebração da Páscoa de Jesus é mais do que uma alegria de um dia ou um período. É aceitar a vida, com tudo o que segreda e mostra, assumindo o sentido último da mesma. Paulo nos aponta essa meta. "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto... aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres (Colossenses 3, 1-2). Nessa direção se faz cada dia a Páscoa, ou seja, se encara a vida com o sentido provisório que ela tem na terra. Esta caminhada presente por si mesma tem grande valia se a soubermos enfrentar com o seguimento do exemplo do Divino Mestre. A Campanha da Fraternidade nos lembra, neste ano, o quanto é importante saber usar dos bens materiais para promovermos a vida, a justiça, o bem comum, a inclusão social, a superação do egoísmo com os malefícios da corrupção, do enriquecimento como finalidade da vida, o uso do dinheiro desfocalizado do sentido do amor a Deus e ao semelhante...

Testemunhar a vida nova, assumida com a celebração da ressurreição de Jesus, faz a pessoa de fé mudar de vida, tendo intimidade real e diuturna com Deus, a ponto de dar sentido a tudo o que faz. A pessoa respira o bem. Sabe dialogar, perdoar, incentivar os outros. Torna-se feliz porque sabe que está realizando o que o próprio Cristo pede. Colabora com a transformação social. Une-se a causas de promoção da justiça e da dignidade humana. Não se conforma com o mal. Tudo faz para servir a Deus no semelhante. Se tem cargo de coordenação e de mandato público, procura levar a efeito a responsabilidade outorgada pela comunidade, a fim de servi-la, não traindo a causa assumida de serviço ao bem comum.

A religiosidade da pessoa que faz a Páscoa com Cristo não a deixa abalar na fé por maus exemplos de outros. Pelo contrário, procura testemunhar sua adesão ao projeto cristão com determinação, coragem, entusiasmo e perseverança. Afinal, sabe que tem de prestar contas é a Deus e não aos outros. Testemunha a verdade com a prática da caridade e do serviço ao semelhante, à Igreja e à sociedade. Não muda de fé, nem de religião, aconteça o que for, pois, o ser humano é pecador por natureza. Quem tem fé esclarecida segue o próprio caminho coerente com a mesma, ajudando as pessoas mais frágeis na fé. Colabora com a melhoria de sua comunidade religiosa e da sociedade!

Se Cristo ressuscitou, não temos motivo para o desânimo, mesmo que o mundo desmorone, pois, temos a certeza de que Ele está conosco e nos ajuda a realizar seu projeto de vida para também obtermos a vitória contra o mal. O egoísmo e todo tipo de ruindade são controlados. Com Cristo vencemos. A última palavra é a vitória sobre a morte!

* Dom José Alberto Moura, Arcebispo de Montes Claros-MG

Fonte: www.cnbb.org.br

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