Até os confins da terra: Igreja em saída missionária e o chamado à transformação

Por Redação

O convite a uma Igreja em saída missionária ecoa de forma intensa e desafiadora, como refletido no 6º Congresso Americano Missionário (CAM6). A temática do envio além-fronteiras inspira uma visão de missão que ultrapassa os limites geográficos e culturais, apontando para uma transformação integral da Igreja e de suas relações.

“Precisamos correr o risco do encontro com o outro, passando da ansiedade da salvação para a calma da convivência; da presunção de quem quer ensinar à disposição de quem quer aprender.” Com essa provocação, Pe. Estevão Raschietti trouxe uma reflexão que aponta para uma missão descolonizada e autêntica, centrada no diálogo e na solidariedade.

A conferência “Da América ao mundo e do mundo à América” retomou o chamado de Puebla, há mais de 40 anos, para que a América Latina assumisse sua vocação missionária ad gentes. Pe. Estevão destacou que, embora avanços tenham ocorrido, é necessário reconhecer e superar os legados do colonialismo, redefinindo as relações entre os povos. “Uma missão descolonizada é autenticamente pobre, missionária e pascal”, afirmou, sublinhando a importância de atuar nas periferias territoriais, socioculturais e existenciais, e de enfrentar os muros que dividem povos e excluem os mais vulneráveis.

Delegação do Brasil conduziu no CAM6 a oração do final do dia nesta sexta.

Delegação do Brasil conduziu no CAM6 a oração do final do dia nesta sexta.

A missão como relação
O dinamismo missionário exige novos olhares e estruturas. Pe. Estevão propôs a instituição de um ministério específico para missionários ad gentes, reconhecido por toda a Igreja, que valorize os diversos carismas de batizados e batizadas. “A missão não está mais no âmbito das grandes obras, mas nas relações: sentar-se, escutar, cuidar das feridas dos crucificados da história”, disse ele.

Essa visão dialoga com as experiências de missionários como Ir. Joaninha Madeira, que atua na Rede Itinerante Amazônica, nas fronteiras do Brasil, Colômbia e Venezuela. Para ela, o congresso reafirmou seu chamado a estar onde a vida está mais ameaçada. “Confirmada e enviada até os confins do mundo, sigo animada pelo Espírito para servir e defender a vida na Amazônia”, compartilhou.

Pe. Josivan Calixto, por sua vez, destacou a vivência do congresso como um “novo Pentecostes”. “Sinto-me impulsionado pelo Espírito Santo, chamado a propagar o amor e a paz a todos os povos, começando por nossa América missionária”, declarou.

Pe. Josivan destaca que o CAM6 foi um um novo Pentecostes experimentado na vida

Pe. Josivan destaca que o CAM6 foi um um novo Pentecostes experimentado na vida

Caminhos para o futuro
O CAM6 terminou, mas o compromisso missionário segue em frente. No sábado, os participantes realizaram visitas missionárias nas paróquias da Diocese de Ponce, culminando, no domingo, na celebração de envio e na revelação do próximo país-sede do congresso, Brasil, previsto para 2029.

A missão, como ressaltado ao longo do CAM6, é uma jornada que transforma não apenas os lugares onde chega, mas também a própria Igreja em saída, que encontra sua identidade ao se abrir ao outro e ao mundo.

Fonte: POM / Informações e Fotos: Victória Holzbach

Deixe uma resposta

dezenove − 6 =