Papa convidado a visitar missão indígena no Pará

Nós sonhamos com isso e eu creio que o Papa, se tiver a possibilidade, vai atender, porque ele tem uma compreensão muito clara sobre a importância de apoiarmos concretamente as comunidades indígenas que são tão fragilizadas e foram tão despojadas através da história.

Por Rádio Vaticano

12248146_925465657489625_8016909890699275764_o

O Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica e Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, anunciou terça-feira (17/11), em Bogotá, que a Repam vai escrever uma carta de apoio ao convite feito ao Papa para que visite a missão São Francisco, no Rio Cururu, município de Jacareacanga, no Pará.

Situada na Prelazia de Itaituba, esta é a mais antiga missão católica em atividade com índios no país. O convite é para 2017, quando o Pontífice tem intenção de ir ao Brasil para as comemorações dos 300 anos da “pesca” da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Dom Cláudio confirmou a notícia:


“Nós sonhamos com isso e eu creio que o Papa, se tiver a possibilidade, vai atender, porque ele tem uma compreensão muito clara sobre a importância de apoiarmos concretamente as comunidades indígenas que são tão fragilizadas e foram tão despojadas através da história. Nós temos certeza de que o Papa, se puder, vai de fato atender este pedido para que visite a missão dos Munduruku, no Pará. Foi proposto que a Repam escreva esta carta, e como vimos, a Assembleia aprovou por unanimidade, e se Deus quiser, vou poder entregá-la ao Papa quando for a Roma para a abertura do Ano Santo da Misericórdia”.

A carta da Repam irá apoiar o convite enviado a Francisco por Dom Wilmar Santin, bispo carmelita da Prelazia, em agosto de 2015. Também o  missionário argentino frei Sebastián Robledo, que trabalha na Prelazia de Itaituba entre os índios Munduruku, já havia convidado o Papa.

Na Prelazia de Itaituba vivem cerca de 14.000 índios Munduruku, distribuídos  em mais de 110 aldeias no município de Jacareacanga, no alto Tapajós e afluentes. Nesta região, do sudoeste do Pará, estão sendo projetadas 9 hidrelétricas que afetarão diretamente comunidades indígenas e ribeirinhas, além de danificar a natureza em sua biodiversidade e ecossistema.

Dom Wilmar expôs a situação à Assembleia da Repam e em entrevista à RV, esclarece:

“O problema dos grandes projetos na Amazônia: a bola da vez agora é Itaituba, a bacia do Tapajós, onde estão projetadas até 9 hidrelétricas. Elas são uma grande ameaça, por vários motivos. Infelizmente, o governo brasileiro passa por cima de tudo, desrespeita leis, constituição, tratados internacionais.  Tanto a constituição como os tratados internacionais  estabelecem que se devem fazer consulta prévia aos índios, aos ribeirinhos, aos que são afetados pelas inundações que são provocadas pela barragem de uma hidrelétrica ou coisa semelhante. Estudos já foram feitos, era para se fazer em dezembro próximo um leilão das obras, etc., e até agora, não foi feita a consulta prévia. Se for feita, será uma consulta ‘póstuma’, quando estiver tudo decidido, e os principais envolvidos, que são os índios e os ribeirinhos, que mais vão sofrer, não foram consultados”.

“Quanto à parte ecológica, foram feitos estudos, mas nem sempre se faz como deve. Então, os índios Mundurukus vão ser afetados diretamente, não foram consultados, comunidades ribeirinhas  também não foram consultadas e é uma violação direta”.

Fonte: br.radiovaticana.va
TagsREPAM

Deixe uma resposta

quatro × 3 =