Ordenação diaconal de jovem congolês na diocese de Campos, no Rio de Janeiro

Victor Mbesi Wafula

Sábado, 17 de maio de 2014 foi um dia histórico, marcante, e altamente magnífico para a Igreja e o povo da paróquia de Santa Clara, município de Porciúncula, na diocese de Campos, no estado de Rio de Janeiro. O jovem congolês Janvier Kambale Kataka, foi ordenado diácono. O evento deixaria uma marca indelével nos corações dos habitantes dessa terra por que desde que o evangelho pisou ali, nunca foi vivenciada uma celebração dentro da qual se conferisse a Ordem Sacra. A paróquia de Santa Clara de Porciúncula situa-se a mais de 350 km da capital do Rio de Janeiro. Às 10h iniciou-se a celebração Eucarística presidida por Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, bispo da diocese de Campos dos Goytacazes (RJ), concelebrada por inúmeros padres, diáconos, religiosos e religiosas e todo povo de Deus que ali puderam comparecer, sem esquecer o grupo de religiosos africanos de São Paulo.

"O diaconato é o ministério que nos apresenta, antes de mais nada, a figura do Cristo Servo. Esse sim institui a Igreja do avental, a Igreja do lava-pés, a Igreja que se dobra para servir os outros".

Natural da República Democrática do Congo, Janvier nasceu em 1983, filho de Kataka Arsene e de Masika Francine, de uma família de sete irmãos, dos quais ele é o quarto. Ingressou no Instituto Missões Consolata em 2002, cursou os estudos de filosofia na Universidade Católica de Santo Agostinho, no Congo e o Noviciado em Maputo, Moçambique, assim se tornando oficialmente missionário da Consolata. Ao terminar os estudos teológicos em São Paulo em 2013, incardinou-se na diocese de Campos, Rio de Janeiro para servir o povo de um território eclesiástico específico. A diocese de Campos é realmente uma área missionária, uma vinha do Senhor onde se necessita de pastores para atender às diversas necessidades da região, especialmente aos pobres; assumindo com coragem e criatividade a missão evangelizadora da Igreja a partir das pastorais e movimentos sociais em prol da promoção humana. Situa-se entre o Norte e o Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Tem como limites: o Oceano Atlântico; dioceses de Cachoeiro de Itapemirim (ES), Caratinga (MG), Leopoldina (MG) e Nova Friburgo (RJ), tendo superfície de 12.520,5 Km2 com a população de 985.132 habitantes. Com a sua incardinação e ordenação diaconal e eventualmente presbiteral, Janvier prestará serviços ao povo de Deus nesta diocese.

Tornei-me servo de todos (1Cor 9, 19)
Inspirado pelas palavras de Paulo, missionário zeloso e grande apóstolo de Jesus Cristo, Janvier recebeu a primeira Ordem, a do serviço. O diaconato faz parte do Sacramento da Ordem e realiza uma função específica a partir da graça sacramental que lhe é própria. O ministério do diaconato vem crescendo didaticamente dentro da Igreja nos últimos anos, e sempre mais abrindo as portas para um alcance maior do povo de Deus. O bispo na sua homilia sublinhou a importância do diaconato e do lugar privilegiado que ele ocupa dentro da Igreja. Citando o Concílio Vaticano II, o diaconato tem sua conjuntura, processo e finalidade própria. O diaconato, disse o bispo, é o ministério que nos apresenta, antes de mais nada, a figura do Cristo Servo. Esse sim institui a Igreja do avental, a Igreja do lava-pés, a Igreja que se dobra para servir os outros. O diaconato é, portanto, a porta de entrada para o ministério. O ministério, por sua vez, faz com que o diácono aprenda a ser nada, a se despojar de tudo (orgulho, ganância, comodismo, arrogância), a fim de ser homem do povo de Deus. O diácono é um articulador das pastorais sociais, voltadas para atender os pobres. A estes, ele é chamado a ser advogado. A Igreja é chamada a estar atenta à emancipação dos irmãos mais pobres da sociedade; para proclamar liberdade para os filhos e filhas de Deus oprimidos, e dar uma vida digna aos marginalizados, pequenos, esquecidos, enfim, ad pauperis, aos pobres! Longe de servir a partir do escritório, o diácono é chamado a ir ao encontro do povo, conforme nos exorta o papa Francisco.

Pelo fato de ordenar um africano, Dom Roberto Francisco recordou o vínculo que sempre existiu e existe na história entre a África e o Brasil. O fato serviu para mostrar o rosto universal da Igreja de Jesus Cristo, sinal e apelo de que todos temos o chamado de servir, onde quer que estejamos. Esse é convite para todos a criarem uma Igreja sempre mais fraterna e que abrace todo o mundo. Ao candidato, o bispo apelou: "Faça valer o seu lema".

O neodiácono Janvier agradeceu a todos pela participação e colaboração na sua caminhada vocacional e mostrou a sua prontidão de amarrar a toalha na cintura, pôr o avental e servir. A celebração foi toda adornada pela presença simples dos religiosos africanos de São Paulo que com suas representações culturais fizeram com que o povo todo se encantasse pelas ululações, danças e músicas em diversas línguas do continente.
Ao neodiácono Janvier Kambale Kataka, nossos votos de felicidades no ministério.

Fonte: Revista Missões

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