Semana Brasileira da Missão Continental aprofunda espiritualidade missionária

Mário de Carli, em Brasília

A Semana Brasileira da Missão Continental iniciou ontem, dia 6, no Centro Cultural Missionário - CCM, em Brasília - DF, com a participação de 45 pessoas vindas dos 17 regionais da CNBB, entre bispos, padres, religiosas e leigos.

No primeiro dia de trabalhos padre Sérgio Bradanini, missionário do PIME, apresentou os Elementos Bíblicos da Espiritualidade Missionária. "A missão tem uma direção: de dentro para fora, isto é, a Missão é ad omnes gentes", explicou padre Sérgio.

Por isso, segundo o teólogo é fundamental ter presente o modelo da relação de Jesus para com os seus discípulos, que envolve a totalidade da vida, feita nas relações humanas. "É uma espiritualidade que exige a concentração de todas as forças com Deus onde ‘tudo canta e explode de alegria' (Salmo 65). Esta experiência espiritual realiza-se na comunidade onde a pessoa deve estar inserida e envolvida numa longa caminhada que se traduz no engajamento crescente com Jesus e o Seu Reino", disse.

Na sua exposição padre Sérgio sublinhou vários aspectos da espiritualidade dentre os quais destacaram-se:

"A espiritualidade missionária cresce na relação do Mestre com o Discípulo, não fundamentada nos ensinamentos, mas na experiência do relacionamento humano, contínuo e crescente que geram a fraternidade, a vida comunitária num "sentar-se comum à mesa do Reino". Eis o compromisso da missão: viver deste espírito, relatar a experiência da fraternidade, abastecida pela palavra de Deus a fim de alcançar até as extremidades da terra, um mundo sem fronteiras".

"A fraternidade é uma dimensão extremamente exigente: colocar a vida ao serviço dos outros para sermos livres. Fraternidade é o mais alto grau de liberdade, através do ágape (amor), servir uns aos outros".

"Os Elementos básicos da espiritualidade missionária passam pela relação transparente e serena com Deus. Deus é Deus da relação apresentada nos primeiros livros da Bíblia. O tema da Aliança é vista como pacto renovado constantemente na comunhão de vida. O símbolo é o anel que tem forma circular. Deus toma a iniciativa, chama o povo a "viver dentro deste circulo" feito na comunhão de vida. Em segundo lugar, os Profetas atuam quando a experiência espiritual se torna vazia, eles levantam a voz para manter viva a chama da fraternidade e da justiça".

"Jesus, na centralidade da espiritualidade missionária, é a Luz que se abre ao futuro. Faz o anúncio da chegada do Reino de Deus. Esta é a Boa Notícia. Convida à "Conversão" mudando de visão e de mentalidade. Faz o chamado e escolhe os seus discípulos, para conviver com ele; para serem enviados a pregar, comer o pão juntos; deu-lhes autoridade para expulsar os demônios que geram o mal. Onde se constitui uma comunidade que vive a fraternidade, o mal não tem vez. Enviou-os em Missão para cuidar dos doentes (Mc 10,8); ressuscitar os mortos, isto é, lá onde se constitui relações humanas fraternas, o mal não tem vez. Em fim, Jesus é homem de fé e de oração e mostra que a missão se realiza no "hoje", pois sua vida doada a todos a partir dos mais necessitados antecipa o Reino e forma a fraternidade".

Para finalizar padre Sérgio apresentou o apóstolo Paulo que vive segundo o espírito de Jesus Cristo. Ele tem consciência de ser colaborador de Deus e não veio para dividir ou fazer a missão ao seu modo. Tem em sua mente o mundo dos gentios e carrega a consciência clara de sua pequenez: "Quando sou fraco é que sou forte!". Para isto trabalhava com suas mãos, tecedor de tendas, depois anuncia. João, o Evangelista, destacou sua missão muito polêmica contra o ambiente judaico, anunciando que Jesus salva. Mostra o divino no humano. É o verbo que salva na fragilidade. Ele se fez gente como nós, menos no pecado, para que nós nos tornemos mais divinos.

Fonte: Revista Missões

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