Congresso Missionário em Dourados

Redovino Rizzardo *

De 23 a 26 de setembro, realiza-se em Dourados o 2º Congresso Missionário do Mato Grosso do Sul. O tema escolhido: "A Igreja do Mato Grosso do Sul na Missão Continental", revela a vontade dos católicos sul-mato-grossenses de fazerem seu o grandioso projeto elaborado pelos bispos da América Latina durante a sua 5ª Conferência, realizada em 2007, na cidade de Aparecida: «A Missão Continental coloca a Igreja em estado permanente de missão. Levemos nossos navios mar adentro, com o poderoso sopro do Espírito Santo, sem medo das tormentas, seguros de que a Providência de Deus nos proporcionará grandes surpresas! Façamo-lo, como essa multidão de admiráveis evangelizadores que se sucederam ao longo da história da Igreja! E oxalá o mundo atual possa receber a Boa Nova, não através de evangelizadores tristes e desalentados, impacientes ou ansiosos, mas através de ministros do Evangelho, cuja vida irradia o fervor de quem recebeu, antes de tudo em si mesmos, a alegria de Cristo e aceitam consagrar sua vida à tarefa de anunciar o Reino de Deus e de implantar a Igreja no mundo!».

Por sua vez, o lema proposto pelo Congresso: "De uma Igreja de batizados a uma Igreja de Discípulos Missionários", expressa o desejo de ajudar os católicos a assumirem efetivamente sua missão na sociedade, sob pena de perderem a própria identidade cristã, uma advertência já feita pelo Documento de Aparecida: «Não resistiria aos embates do tempo uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva».

O Congresso Missionário de Dourados, portanto, não tem outro objetivo senão concretizar o projeto elaborado em Aparecida: «Esta 5ª Conferência deseja despertar a Igreja na América Latina e no Caribe para um grande impulso missionário. Não podemos deixar de aproveitar esta hora de graça. Precisamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de sentido, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca em Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção do seu Reino em nosso Continente! Somos testemunhas e missionários: nas grandes cidades e nos campos, nas montanhas e florestas de nossa América, em todos os ambientes da convivência social, nos mais diversos "areópagos" da vida pública das nações, nas situações extremas da existência, assumindo nossa solicitude pela missão universal da Igreja».

O 1º Congresso Missionário do Mato Grosso do Sul foi realizado em Miranda, em setembro de 2004, num contexto eclesial muito diferente do atual. Aos 950 missionários que virão a Dourados, provenientes das seis Dioceses que atuam no Estado (juntamente com seus bispos), caberá a tarefa de colocar a Igreja Católica num estado permanente de conversão - já que a missão brota da conversão, como não cansa de lembrar o Documento de Aparecida: «A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária, fazendo com que a Igreja se manifeste como mãe que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária».

* Dom Redovino Rizzardo, bispo de Dourado, MS.

Fonte: www.cnbb.org.br

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