O Natal e seus símbolos

Os símbolos do Natal querem conter, ocultar, revelar e comunicar o mistério do Natal.

Por Rodolfo Luís Weber*

Natal significa, antes de tudo, o dia do nascimento de Jesus Cristo. O verdadeiro nome da festa é Natal do Senhor. A Igreja está iniciando, neste domingo, o tempo litúrgico do Advento que visa preparar para a celebração digna do Natal. Devido a grandeza do Natal foram surgindo na história, através das liturgias cristãs ou através de tradições espontâneas, vários símbolos que preparam o ambiente. Estes ressaltam, a seu modo, algum aspecto do mistério natalino. Neste e nos próximos artigos vou refletir sobre os símbolos natalinos com o objetivo de ajudar a perceber o mistério contido e manifestado através deles.

magos1Graças à liturgia e à Tradição viva da Igreja, não são dois mil e dezesseis anos que nos separam dos acontecimentos da salvação, mas são dois mil e dezesseis anos que nos unem a eles. Todo acontecimento histórico é constituído de dois elementos: o fato e o seu significado. A história indica o que aconteceu e como aconteceu. Os fatos aconteceram uma vez para sempre e não se repetirão jamais. O natal como fato histórico não se repete. A liturgia faz com que os acontecimentos da história não sejam “fatos passados”, isto é, transcorridos para sempre, acabados, por isso não os realiza de novo, mas celebra-os.

A Igreja, ao celebrar cada ano o Natal, torna os fatos natalinos contemporâneos. Faz “aquele dia” o “dia de hoje” e, assim, é possível verdadeiramente dizer: “hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lucas 2, 11).

Quando jogamos uma pedra num lago de águas tranquilas percebemos que vão se formando ondas concêntricas que se expandem pelo lago. Quanto maior for a pedra jogada, maiores e mais largas serão as ondas. Podemos usar esta analogia para falar do Natal. Esta grande e surpreendente decisão de Deus de enviar Jesus Cristo ao mundo, assumindo a natureza humana, repercute hoje no mundo. Foi um acontecimento divisor da história, tanto que nosso calendário tem seu início no ano do nascimento de Jesus. O Natal repercute no presente e não faltam sinais. A sociedade se envolve, mesmo que os interesses sejam diferentes.

Inicialmente uma breve reflexão sobre o que é um símbolo: símbolo deve falar por si mesmo, por isso, não precisa de muita explicação. Quanto mais algo estiver ligado à vida, mais capacidade terá para tornar-se símbolo. Alguns símbolos ligam-se à história de uma pessoa ou de um povo. Daí a necessidade de se conhecer também a história.

O símbolo é a mesma realidade em outro modo de ser. Assim, a rosa é símbolo do amor. Isso porque ela oculta, contém, revela e comunica, ao mesmo tempo, o amor. A rosa é o amor na forma ou na expressão de uma rosa. Outro exemplo do que seja um símbolo, é o bolo de aniversário. Na festa de aniversário é valorizada a vida da pessoa. O bolo é o símbolo e a festa celebra o mistério da vida.

Os símbolos do Natal querem conter, ocultar, revelar e comunicar o mistério do Natal. O Cristo continua nascendo hoje, continua a manifestar-se como Salvador e Messias. No fundo, o mistério é a comunhão de vida, de amor e de felicidade entre Deus e o ser humano que se realiza em Cristo. Este mistério de comunhão de vida e amor com Deus realiza-se também onde os seres humanos se encontram em Deus e em Cristo, no verdadeiro amor.

*Rodolfo Luís Weber é arcebispo de Passo Fundo, RS.
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