Síria: 4 milhões de refugiados e 1,1 mil crianças recrutadas pelo Estado Islâmico

Por Opera Mundi

Números divulgados pela ONU e por entidade humanitária dão nova dimensão da crise no país árabe, em meio à guerra civil e aoavanço do Estado Islâmico.

A ONU (Organização das Nações Unidas) confirmou nesta quinta-feira (09/07) que o número de refugiados em decorrência do conflito na Síria superou a marca de 4 milhões, se transformando assim na pior crise do tipo enfrentada pela entidade nos últimos 25 anos. No país, há ainda 7,6 milhões de deslocados internos dentro da fronteira nacional, grande parte deles em situação difícil ou em lugares de complicado acesso para as organizações que fornecem ajuda humanitária na Síria.

Números divulgados também nesta quinta-feira pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos sustentam que o grupo EI (Estado Islâmico) recrutou, desde o começo deste ano, mais de 1,1 mil menores de idade - chamados de "filhotes do califado".
ONU: recorde de refugiados

"Essa é a maior população de refugiados de um só conflito em uma geração. São pessoas que requerem o apoio do mundo, mas, em vez disso, vivem em condições penosas, afundando ainda mais na pobreza", declarou o chefe do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), António Guterres, ao revelar o novo recorde.

Após quatro anos e meio de violência armada, o conflito da Síria não dá sinais de estar perto do fim. As tentativas de solucioná-lo através da via política fracassaram em grande medida pelos desacordos entre o Ocidente e a Rússia sobre como lidar com o presidente Bashar al Assad, ainda no cargo.

A rapidez com a qual segue se deteriorando no país é refletida no próprio número de refugiados, que subiu em 1 milhão apenas dez meses depois de quebrar a barreira dos 3 milhões, segundo Guterres.
O principal destino desses refugiados tem sido a Europa, através de uma rota marítima que parte da Turquia, passando pelas ilhas da Grécia. Nos países europeus já foram registrados 270 mil solicitações de asilo.

A grande maioria dos refugiados, entretanto, permanece na região, com o maior número deles em território turco, onde há 1,8 milhões de sírios que deixaram o país por causa do conflito. No Líbano, os sírios já representam quase 25% dos habitantes, com 1,17 milhões de pessoas. Na Jordânia há 630 mil refugiados, 250 mil estão no Iraque e outros 132 mil no Egito.

Observatório Sírio: ‘filhotes do califado'

A ONG humanitária apontou que a organização extremista capturou os menores através de escritórios especiais nos territórios que domina nas províncias de Homs e Hama, no centro do país, e em Deir ez Zor, Al Hasaka, Al Raqqah e Aleppo, no norte. Uma vez que são recrutados, os jihadistas os colocam, em algumas ocasiões, na batalha.

A instituição lembrou ainda que o EI começou a envolver de forma notável crianças na batalha no começo do ano, depois que as autoridades turcas aumentaram as medidas de segurança para evitar a infiltração de jihadistas estrangeiros nas zonas fronteiriças entre Síria e Turquia.

O Observatório destacou que nos três últimos dias três "filhotes do califado" cometeram atentados suicidas com carros-bomba em várias zonas. Além disso, em janeiro, os extremistas enviaram um grupo de menores para lutar em Kobani, dos quais seis perderam a vida, após provavelmente receber treino no nordeste de Aleppo, indicou a ONG.

No final do mês passado, o Observatório documentou a morte de 14 "filhotes do califado" no Iraque em choques contra as forças iraquianas, bombardeios da coalizão e atentados suicidas com carros-bomba, depois que foram enviados ao território iraquiano após receber formação militar na Síria.

A fonte ressaltou que recebeu informações de que um total de 150 menores poderiam ter perdido a vida até o momento nas fileiras do EI em várias zonas, mas advertiu que não pôde comprovar este dado.

As crianças e adolescentes também foram protagonistas de vídeos do EI, nos quais assassinavam prisioneiros.

O último foi divulgado no sábado pelo grupo radical e mostrava como jovens, aparentemente menores de idade, matavam por um disparo na cabeça 25 soldados das forças do regime sírio no teatro romano da cidade monumental de Palmira, conquistada pelo EI em maio.

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