Santo Agostinho, modelo no caminho da fé

Antônio Marto *

Homilia do bispo de Leiria-Fátima, Portugal, na festa de Santo Agostinho, padroeiro da diocese, em 28 de agosto de 2012.

Ontem recordamos a mãe, Santa Mônica, e hoje celebramos a solenidade do filho, Santo Agostinho, como Padroeiro da nossa diocese. O testemunho de ambos pode ser de grande iluminação e ajuda para o Ano da Fé, proclamado pelo Santo Padre, e assumido por nós como proposta pastoral para a diocese. Escolhemos como lema: "O Tesouro da fé, dom para todos". Agostinho e sua mãe são testemunhas exemplares da fé vivida como experiência de um amor recebido; e da fé comunicada como experiência de graça, beleza e alegria. Eles são o comentário vivo e concreto da Palavra de Deus que escutamos nas leituras.

Mônica, nascida em Tagaste, na Argélia, viveu de modo exemplar a sua missão de esposa e de mãe, ajudando o marido Patrício a descobrir a beleza da fé em Cristo e a força do amor evangélico, capaz de vencer o mal com o bem. Depois da morte precoce do marido, dedicou-se com coragem a cuidar dos três filhos, entre os quais Agostinho que a fez sofrer com o seu temperamento rebelde, como tantos jovens hoje.

Agostinho dirá mais tarde que a sua mãe o gerou duas vezes "uma para o dar à luz no tempo; outra para o gerar para a eternidade". A segunda requereu um longo parto espiritual bem mais difícil, feito de oração e de lágrimas, mas coroado, finalmente, pela alegria de o ver abraçar a fé, receber o batismo e sobretudo de dedicar-se inteiramente a serviço de Cristo. Quantas dificuldades também hoje nas relações familiares e quantas mães angustiadas porque os filhos andam por caminhos errados!

Mônica, mulher sábia e sólida na fé, convida-nos a não perder a coragem, mas a perseverar na missão que Deus nos confiou a cada um, mantendo firme a confiança em Deus e agarrando-se com perseverança à oração. Não desanimem pois os pais e as mães, os catequistas e os sacerdotes nesta sua missão.

Em relação a Agostinho, toda a sua vida foi uma busca apaixonada da verdade. Por fim, depois de um longo tormento interior, descobriu em Cristo o sentido último e pleno da própria vida e de toda a história humana.

Na adolescência, atraído pela beleza terrena, "precipitou-se sobre ela" - como ele mesmo confessa -, de modo egoísta e possessivo, com comportamentos que causaram grande dor à sua piedosa mãe. Mas através de um percurso difícil e graças às orações da mãe, Agostinho abriu-se cada vez mais à plenitude da verdade e do amor, até à conversão, acontecida em Milão sob a guia do bispo Sto Ambrósio. "Tu criaste-nos para ti, ó Deus, e o nosso coração não tem sossego enquanto não descansar em ti".

Ele permanecerá como modelo no caminho para Deus, suprema Verdade e sumo Bem. "Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei. Eis que tu estavas dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim eu te procurava... Tu estavas comigo e eu não estava contigo.. Chamaste-me, clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e finalmente curaste a minha cegueira. Exalaste sobre mim o teu perfume: aspirei-o profundamente e agora suspiro por ti. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me e agora desejo ardentemente a tua paz".

Obtenha Santo Agostinho o dom de um sincero e profundo encontro com Cristo a todos os jovens e menos jovens que, sedentos de felicidade, a procuram percorrendo caminhos errados e se perdem em becos sem saída. Ouçamos o conselho que ele dá ao seu amigo Honorato, na sua obra "De utilitate credendi", e serve também para nós, ao dizer que a fé supõe um mestre, isto é, a ajuda de alguém: "Acolhe quem é fraco na fé; estende a mão a quem está em dificuldade na fé". Hoje, este apoio é cada vez mais necessário no mundo difícil em que vivemos, onde, por vezes, ter fé ou perseverar na fé é um autêntico milagre. Ninguém falte com este apoio a quem precisa.

Santa Mônica e S. Agostinho convidam-nos a dirigirmo-nos com confiança a Maria, Mãe na fé, para nos ajudar a redescobrir a alegria de crer e o renovado entusiasmo de testemunhar Jesus Cristo. Só Ele sacia os desejos mais profundos do coração humano.

* Antônio Marto é bispo de Leiria-Fátima, Portugal.

Fonte: www.agencia.ecclesia.pt

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