Natal: a aposta de Deus

Jaime C. Patias *

Terminamos mais um ano da nossa peregrinação nos caminhos da Missão. Reflexões, notícias, entrevistas, artigos e testemunhos das mais diversas realidades fazem da revista Missões, a voz da missão no plural. Um meio de informação, formação e partilha que aquece mentes e corações.

O Planeta caba de atingir 7 bilhões de seres humanos vivendo num mundo plurietnico e multicultural. Essa variedade é talvez o nosso maior patrimônio. Apesar disso, mergulhados numa sociedade regida pelo sistema capitalista neoliberal, em crise constante, corremos o risco de sermos guiados por uma única visão de mundo obstinada pelo consumo. Ao longo do ano, muitas datas comemorativas, e neste mês o Natal e o Revellión, aceleram a vida nas ruas e aquecem o comércio com ofertas que prometem satisfazer nossos desejos de realização, paz e felicidade. Mesmo que afirmemos acreditar em Deus revelado no Natal de seu filho Jesus em Belém, não tem como fugir do espetáculo envolvente das decorações e ofertas do mercado. Mas o que realmente nos faz sentir realizado e dá sentido a nossa vida na breve passagem por este mundo?

As matérias e notícias aqui publicadas nos ajudam a refletir sobre o essencial da vida, os valores que não passam e dão sentido à nossa existência. A espiritualidade do Natal pode recuperar o entusiasmo e a alegria do Bem-Viver proposto pelos povos indígenas. Na mesma visão, o Natal nos convida a viver uma união profunda com Deus, na solidariedade, na promoção humana e na evangelização que tem em conta a defesa da criação integrando Criador e criaturas. Essa unidade no Espírito tem como modelo a espiritualidade de Jesus na sua relação com o Pai e na sua atenção com os anseios da humanidade. Essa opção de vida é hoje assumida por homens e mulheres, dispostos a doarem suas vidas, na mesma Missão, para que os povos tenham vida em plenitude.

O verdadeiro espírito do Natal no nascimento do menino-Deus nos ajuda a assumir um estilo de vida segundo o Bem-Viver e a contrapor a sociedade do consumo desenfreado. É certo que não podemos fugir das armadilhas do mercado, mas podemos fazer nossas escolhas em base a uma escala de valores que dá preferência às coisas que não passam. Deus continua a nascer nas diversas realidades numa demonstração que ainda aposta na fecundidade da sua Criação.

* Jaime Carlos Patias, imc, diretor da revista Missões.

Fonte: Revista Missões

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