Meu jugo é suave e meu peso é leve

Maria Regina Canhos Vicentin *

"Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve." (Mt 11, 28-30)

Faço parte de um grupo que está estudando o evangelho segundo São Mateus. Semana passada, meditamos sobre os capítulos dez, onze e doze. O que mais me chamou a atenção foram esses versículos transcritos logo acima. Na verdade, essa passagem sempre me incomodou um pouco, pois não a entendia bem. Como poderia um jugo ser suave? Várias vezes pensei: "peso é peso", e não importa de onde venha; sempre vai pesar. Então, para quê trocar seis por meia dúzia? Pura falta de discernimento meu. O tempo foi passando e, pesquisando, aprendi mais sobre essas palavras de Jesus.

Descobri que "jugo" é uma armação de madeira que se coloca sobre os bois, próxima à cabeça, e que serve para atrelá-los ao arado ou à carroça. Num primeiro momento, somos tentados a imaginar que o jugo deve ser muito pesado, então, poderia haver os mais leves. Talvez, a proposta de Jesus fosse essa... Um jugo mais leve, menos pesado que aquele colocado em nossas costas pelo mundo. Puxa; novamente estava interpretando mal as palavras do Senhor. Hoje vejo que não foi isso que Ele quis dizer.

Realmente, o jugo é colocado próximo à cabeça do boi, mas sua finalidade não é fazer peso, e sim "guiar" o animal enquanto ara a terra ou puxa a carroça, para que não se desvie. Ora, daí tudo ficou claro. Obviamente, Jesus havia empregado a palavra jugo no sentido de direção, caminho. Veio nos apresentar a nova lei: a lei do amor. "Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina", disse Ele. Os judeus eram obrigados a seguir mais de seiscentos preceitos, certamente um jugo bem pesado. Jesus resume todos eles em apenas dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22, 36-40). Ficou mais leve?

Jesus nos aponta a melhor direção. Ele guia nossa caminhada de modo preciso, de forma objetiva, para que não nos desviemos nem venhamos a nos perder. Existe jugo mais suave que este? A doutrina do amor é aflitiva ou consoladora? Será que traz repouso para nossas almas? Muitos dizem que falta Deus no mundo, falta amor. Concordo em parte, pois considero que o mundo é todo Deus, é todo amor; mas não é assim percebido pela criatura, que egoisticamente defende apenas os seus próprios interesses.

Quando deixarmos de nos preocupar somente com o nosso umbigo, e verificarmos que o mundo é composto por milhares de pessoas que também possuem necessidades a ser supridas, talvez o nosso olhar se transforme, e subsidie ações concretas de auxílio ao próximo. Neste dia, certamente perceberemos que o amor existe no mundo. Ele está dentro de nós, mas para ser visto precisa ser revelado. Nossas ações revelam o amor que existe em nós.

* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br

Fonte: www.mariaregina.com.br

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