O primeiro jovem pigmeu na Faculdade de Direito

Les Amis de La Mission News

Jean-Baptiste Ekaka é um jovem pigmeu que começou este ano os seus estudos de Direito na Universidade de Kisangani, graça ao apoio da Comissão Pastoral dos Pigmeus (CPP), da diocese de Wamba, na Província Oriental da República Democrática do Congo, África. Ele é o primeiro pigmeu a freqüentar um curso de nível superior naquela província. Tornou-se assim o símbolo da luta pela dignidade do povo pigmeu. Os Pigmeus vivem em vários grupos étnicos em Ruanda, Uganda, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana, Camarões, Guiné Equatorial, Gabão, no Congo, Angola, Botsuana, Namíbia e na Zâmbia. É um povo que sobrevive extraindo da natureza o que é necessário. Fazem também comércio com os agricultores vizinhos para adquirir alimentos e outros materiais cultivados fora. Eis a íntegra da entrevista com Ekaka.

Jean-Baptiste poderia apresentar-se?
A minha aldeia chama-se Bayenga e está situada a 22 km de Wamba, na Província Oriental. Eu sou o caçula de uma família de três filhos. Os meus pais Jean Pierre Bengea e Isudé Engyananakota já faleceram. Cresci na aldeia de Abiba, perto de Bayenga, seguindo os costumes e tradições do meu povo. A caça, a coleta, a pesca, os cantos e as danças ainda continuam a fazer parte do nosso dia-a-dia.

Como se deram seus estudos?
Como toda criança pigméia do meu acampamento, fiz o ensino médio em Ango, que pertence a Bayenga. É uma escola como tantas outras, iniciada pela Comissão Pastoral dos Pigmeus, da diocese de Wamba. Logo depois de ter concluído o ensino fundamental, comecei o ensino médio sob a direção dos Missionários da Consolata. Morava no internato Beato José Allamano, de Wamba, inaugurado pela Comissão Pastoral dos Pigmeus em setembro de 2004. No mês de agosto do ano passado fui aprovado no exame de seleção do Estado.

Por que escolheu estudar Direito?
No ensino médio fiz contabilidade, pois queria um dia ser o secretário do padre diretor do Instituto Missões Consolata. Mas, amadureci na minha decisão e finalmente mudei de escolha, preocupado pelo futuro dos meus irmãos e irmãs pigmeus. Fiz-me a pergunta de como poderia melhor ajudá-los. Isso me levou a escolher o Direito. Gostaria de defender os direitos esquecidos do meu povo, que é uma minoria, e tentar procurar caminhos para resolver os conflitos que nos colocam contra o povo bantu, muitas vezes provocados por questões ligadas ao direito, à justiça e à propriedade da terra. Estou ainda no início do meu curso superior, mas pretendo ir mais longe, se a Comissão Pastoral dos Pigmeus me apoiar.

* Publicado pelo site Les Amis de La Mission News, R. D. do Congo. Tradução de Adrien Gyato, imc.

Fonte: : www.ademis.org

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